terça-feira, 31 de março de 2009

Trilhos do Pastor II


entre fátima e a batalha

a pergunta que me resta é:
como voltar a correr provas de estrada, com a mesma motivação, depois da pica que tive neste fds?
cada vez que recordo os trilhos do pastor, só me vem à cabeça a imagem de criança, quando, com as outras crianças, partíamos de casa rumo a um dia de descoberta. sem saber o que viria a seguir. sempre à espreita de um pequeno susto, um sobressalto, que aumentava a adrenalina, que dava aquela volta ao estômago, mas a que queríamos voltar, sempre, logo no segundo imediato, após o "desejado" receio.
o fim de semana foi excelente. sábado rumámos a fátima e à batalha. visitámos o mosteiro, passámos em são mamede para levantar os dorsais e ver a bonita igreja, bem como o café dos primos :) e terminámos a visita com uma ida ao santuário, em fim de tarde.
o mosteiro da batalha

D. Nuno Álvares Pereira


a igreja de são mamede e o café dos primos :)

o santuário


grutas da moeda

domingo, um dia em cheio.
acordei cedinho, o sol já entrava pelo quarto do hotel da cova da iria (recomendo - 3 estrelas que fazem bem a vez de 4).

estava fresco. a malta acordou mas continuou na ronha. desci para o pequeno almoço e para encontrar o buda. decidmos ir a trote para a partida, que distava uns 3 quilómetros (sim a nossa jornada teve 31 km no domingo :)
cruzámo-nos com muitos peregrinos, que já rumavam cedo a fátima.

na zona da partida encontro com o nuno e animação no ar. estava frescote mas notava-se a vontade de partir. cumprimentei o tiago e o antónio pinho, que seguiu comigo até perto dos 40 ou 50 minutos de corrida.
a corrida está muito bem descrita aqui, pelo brito runner, numa excelente foto-reportagem.
e ainda apareço numa foto :)
obrigado brito!

e também no blogue do nuno.

o que posso acrescentar?

- que adorei correr, caminhar, correr, caminhar, ... - faz o meu estilo!
- que adorei estar isolado da "civilização" durante quase 4 horas, e por incrível que pareça, a apenas 1h de lisboa
- que a pia do urso é um lugar maravilhoso
- que vou voltar a fazer trilhos
- que gostei muito dos companheiros de prova, num ambiente diferente do das provas habituais, provavelmente pelo desafio e coabitação com a natureza em bruto
(amigo pinho, perdi-lhe o rasto, mas para a próxima colocamos a converssa em dia)
- que foi a primeira corrida onde a água estava sempre fresquinha, de início ao final
- e que as laranjas, bom, assim que terminei, se não me tivessem chamado para a última foto, ainda estava a comer aquelas maravilhosas laranjas

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lições aprendidas:
- correr em trilho não permite levar powerade e gel na mão. não, não! para a próxima vai ser com mochila ou bolsa
- é fundamental ingerir bebidas e gel logo desde o início. essa foi uma das coisas que correu melhor, sempre bem hidratado e com energia
- os ténis de estrada aguentaram-se bem, mas vale apena investir nuns ténis mais robustos de trail. é que há pequenos movimentos que podem mesmo provocar lesões, apoios em pedras e em terreno desnivelado que pode conduzir a lesões - tive sorte, torci o pé 2 vezes mas sem grande problema
- o treino terá que ser feito em trilho com percursos "técnicos" para treinar a coisa. não dá apenas em trilhos "normais" só com sobe e desce
- o segredo para um atleta lento, de pelotão, como eu, está em saber exactamente onde andar e onde correr. curiosamente o nuno e o buda dão-me tareias na maratona, mas aqui consigo aproximar-me: percursos técnicos :)
- nos trilhos há que sguir sempre com muita atenção, as fitas sinalizadoras. por vezes ir atrás dos outros pode conduzir a mais umas centenas de metros. aconteceu-me e levei outros atrás :(

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última nota:
parabéns à organização. não deve ser nada fácil montar uma logística deste calibre.
correu tudo muito bem, no que me toca.

até à próxima prova, ou quiçá, ao próximo trilho.

ab

domingo, 29 de março de 2009

Trilhos do Pastor I

algum material no final: o dorsal que sempre guardo, o prato recordação e
o boné com sal para dar e vender - foi uma boa suadela :)
único. maravilhoso. uma estreia marcante. um pacto que auguro ter vindo para ficar.
não teve comparação com nenhuma corrida que fiz nestes 5 anos e meio.
28 quilómetros que me deixaram diferente.
nem sequer posso dizer que estou massacrado ou muito cansado. não tenho uma única bolha. doem-me alguns músculos que normalmente não se trabalham no asfalto, mas amanhã estou pronto para treinar, se gerir bem a agenda.
até escalada tivémos que fazer :) e aguentei-me muito bem à bronca!
o relato detalhado terá que ser noutra altura. neste momento ainda estou a tentar gerir as emoções das 3h40m que demorámos (eu e o pedro o. buda; o nuno quis sprintar e chegou 2 minutos antes :) para percorrer a distância.
a corrida ideal para um tartaruga:
- necessidade de alternar corrida com caminhada (adoro e sou bom nisso :)))))
- ritmos necessariamente mais leves
- contacto permanente com a natureza (afinal, sou um animal que não gosta de cativeiro, ...)
- adrenalina ao rubro nas descidas a pique (literalmente), com a obrigatoriedade de muita atenção, níveis máximos
- aventura qb, com descidas em autentico trail, com cordas e percursos muito acidentados (e esta prova não tem um índice de dificuldade extremo, como outras)
- subidas difíceis, quase em modo escalada
o melhor de tudo:
- diversão máxima
- muito prazer
- aprendizagem total (como aprendi hoje ... e o que ainda tenho para aprender!) - que gozo!

até breve
tenho muito para contar, mas com calma, em mais um ou dois posts.
ab

sábado, 28 de março de 2009

Cova da Iria

sou ateu. assumido. convicto mesmo.
em si este facto não tem nada de extraordinário.
e por este motivo tenho sempre mais cuidado, e respeito ainda mais, se possível, as crenças de cada um.
esta é uma questão tão intíma que aprendi ser intocável. não é passível de discussão, pelo menos para mim.

curiosamente, a poucas horas dos 28 km os trilhos do pastor, estamos hospedados no hotel cova da iria. ao final da tarde, após a chegada e uma deslocação à batalha - para ver o mosteiro, e a são mamede - para levantar os dorsais, ver a belissíma igreja e tentar ir às grutas da moeda (já passava das 17h - azar :( visitámos o santuário.




já não vinha a fátima há muitos anos. quando entrámos no santuário senti, naturalmente, e provavelmente mais do que nunca havia sentido antes, o maior respeito.
e uma admiração extrema, pelas crenças de cada um e pela sua intimidade, naquele que é certamente um momento único na vida de um crente em pleno santuário.

não mudei as minhas convicções. mas aprendi mais e aumentei o meu respeito e admiração pelos seres que acreditam e exteriorizam da forma que se vê, neste santuário.

ab

quinta-feira, 26 de março de 2009

As árvores da minha rua II

8:30 h


7:30 h


7:00 h
as árvores da minha rua ...
são belas!

e se as amarmos despidas, temos a recompensa primaveril.


ab

domingo, 22 de março de 2009

Treinos na Lezíria - Vila Franca de Xira

vila franca de xira foi o destino de fim de semana. aí se realizou o campeonato nacional de kayak pólo – 1ª fase, onde a equipa da miudagem do paço d’arcos se estreou, nesta fascinante modalidade.
tenho-os visto no treino intercalado, a meio da semana, com os treinos da kayak k1 e k2. sendo um jogo colectivo, exigente, com muito contacto físico, mas regras bem definidas, logo me fascinou. e como o rodrigo adorou o jogo assim que o começou a praticar lá fomos, bastante expectantes, porque nunca havíamos assistido a um campeonato.
confesso: adorei, ultrapassou todas as minhas expectativas e o rodrigo exultou. creio mesmo que … bom adiante, será alvo de um post específico proximamente, pois há vários detalhes que quero referir e sobre os quais desejo reflectir.

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mas vamos à lezíria e ao fim de semana de treinos. como referira, tentaria aproveitar os 2 dias para treinar. e assim foi. 2 treinos fascinantes.
no sábado aproveitei o intervalo logo a seguir ao 1º jogo da equipa do rodrigo e saí por volta das 11:15m. quente, um dia com muito sol. a partir das piscinas o meu destino era subir. e assim fiz. durante cerca de 2 a 3 quilómetros subi até ao céu de vila franca, uma subida muito, muito a pique. fui totalmente à descoberta. o desconhecido tomou conta de mim. placas indicativas de locais nunca antes vistos: loja nova, cachoeiras, castanheira, o monte gordo, o monte do alto, …


entre optar pela direcção da casa da coxa ou da loja nova, escolhi esta última, pois para coxa já basta esta tartaruga :) e acertei. dei por mim numa zona linda, com uma vista de excepção para a lezíria, donde avistava a ponte das lezírias, o tejo com as suas curvas imponentes, toda a extensão do estuário do tejo e da sua reserva natural.

fonte: www.skyscrapercity.com


algumas quintas e fazendas, a lembrar-me o monte alentejano onde residiam os meus avós paternos, antónio e rosa, perto de avis. tractores, cavalos, ovelhas, um ambiente rural, mal fazendo acreditar que estava a poucos minutos da auto-estrada principal de portugal, a a1, e entre esta e a a10, a qual avistei quando retornei aos 35 minutos.
com o calor do sol a pique e próprio da terra forte da lezíria apanhei um percurso mais a descer no regresso, tendo terminado com 1h07 minutos. bom treino, muito sobe e desce, muito ar puro, apesar de alguns carros.

hoje, a cereja no topo do bolo. o 1º jogo dos miúdos era perto do meio dia. chegámos à piscina pelas 10h. combinei com o meu bom amigo a. luís começamos a essa hora rumo à lezíria. assim foi. descemos, passámos a ponte marechal carmona (afinal também passamos uma ponte sobre o rio tejo, hoje :) e virámos à direita.



fonte: www.jf-vfxira.pt


fonte: www2.cm-vfxira.pt

sugeri fazermos o percurso antigo da corrida lezíria. o sol já começava a dar sinais “ribatejanos”. tudo bateu certo. por entre a brisa do rio, as vacas e os cavalos, o silêncio do campo, o ladrar dos cães das casas espaçadas, e um companheiro de excepção, recriámos o trajecto da minha estreia na corrida das lezírias. foi um treino magnífico, onde tenho que agradecer ao meu querido amigo a companhia e a paciência para ir tão devagar :) mas já lhe disse que se passar a fazer os treinos longos a este ritmo mais lento, vai retirar um prazer enorme e ganhar uma resistência de base invejável.

terminámos no parque de estacionamento das piscinas, depois da subida da ponte e da subida para os prédios contíguos às piscinas, que fizemos sem grande esforço, apesar da inclinação desta última, pois o treino foi repousante. 14 quilómetros e duzentos metros, 1h e 23 minutos, depois do início, estava cumprido este último treino domingueiro, antes dos trilhos do pastor.

estou pronto para a aventura de 28 quilómetros do próximo domingo, a estreia numa prova de trilhos. desejoso, posso mesmo afirmar.
ab

sexta-feira, 20 de março de 2009

A distância e o tempo da reflexão



esta semana tenho reflectido no que significaram os 40 km de 2ªf.
em primeiro lugar foi talvez uma das corridas onde tive mais prazer na vida:
- partiu de um objectivo totalmente interior, sem quaisquer motivações externas (competitivas, mais ou menos formais). a única competição foi mesmo ... comigo mesmo! o objectivo foi festejar!

- foi uma forma de marcar uma data importante;

- foi uma forma de estar comigo, sozinho, uma grande parte da manhã - permitiu-me reflectir em tanta coisa ...
- foram momentos de total liberdade e controlo. absolutos.


e chego rapidamente à segunda consideração:

- gosto de correr longas distâncias e durante muito tempo, porque é, pura e simplesmente, uma das coisas de que retiro mais prazer. e na vida só guardamos boas memórias do que nos dá prazer. e só consumimos/fazemos espontaneamente o que nos dá prazer.

o que pretendo dizer é que de uma forma simples, consegui sentir aquilo por que tanto lutei, ao longo de tantos quilómetros, desde que comecei a correr há 5 anos e meio:

- a capacidade, talvez a competência pessoal, para me centrar apenas na corrida pela corrida, na distância e no tempo enquanto meios e não enquanto fim.

podia ter esquecido o cronómetro. ficaria apenas com a distância entre o início e o final, os marcos do deleite. o cronómetro contudo foi importante como ferramenta, não como condicionante, pois o ritmo é tudo nas grandes distâncias.

mas consegui, abstraindo-me de quase tudo, sentir-me mais feliz do que em qualquer das maratonas que concluí.

porque o objectivo veio apenas de dentro e era destinado apenas a mim.
sem mais, sem dependências, sem conotações com qualquer grau de performance.

apenas!

ab
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amanhã e domingo estarei por vila franca de xira, nas piscinas, a partir das 9h da manhã, no campeonato nacional de kayak polo - 1ª fase.
apareçam! vale a pena ver uma modalidade bastante "movimentada" e enérgica. tens uma boa onda e ingredientes para fazer espectáculo.
é claro que aproveitarei os 2 dias para fazer 2 corridas em vila franca.
a 1ª amanhã, para subir bem lá acima, ao miradouro sobre a reserva natural do estuário do tejo;
a 2ª no domingo, com o meu amigo a. luís, para fazer um trote pela lezíria, talvez com menos calor do que no domingo passado onde se sofreu na corrida das lezírias.
afinal:
é aproveitar, aproveitar, aproveitar!

quarta-feira, 18 de março de 2009

2 anos ... UAU!


"a febre do tartaruga" comemora 2 anos.
plenos, serenos, lentos qb.
já com muitas histórias e estórias.

foram dias ricos em pessoas. por aqui foram passando, dando-lhes vida, enriquecendo-os a cada passagem.

OBRIGADO a todos os que me enriquecem.
o que sou e o que serei, foi também moldado pelos contributos e pelas visitas a este espaço.

e é curioso que 2 anos depois me revejo totalmente no conteúdo.
afinal, este espaço é o que todos quisermos que ele seja.

um abraço e um novo OBRIGADO pelo que me dão quando aqui passam.
ab
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ah! e o dia foi comemorado com o regresso às corridas, após o dia de ontem de descanso activo - a subir e a descer escadas :))).
os novos objectivos estão à porta, não se pode parar. e o final de tarde estava simplesmente ... de verão!
40 minutos de corrida lenta, ritmo muito abaixo do de tartaruga, talvez mais ao jeito da preguiça - o animal mais lento do mundo, salvo informação mais correcta :)
divino!!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Treino muito longo: 40 anos --> 40 km

há 40 anos nasceu em lisboa, no dia 16 de março, pelas 13h30m, um pequeno ser, com 2,450 kg, que hoje de manhã completou 40 km de corrida para festejar o dia com um quilómetro por cada ano de vida.
reza a história que o avô antónio, avô paterno, quando viu a criança mencionou, no seu pragmatismo alentejano, que “tinha lá em casa coelhos maiores”.
três meses depois o recém-nascido levou com uma vacina estragada pelo sol de junho. quase se passou para outra dimensão, esta “aproximação de coelho”. esteve num estado meio próximo do comatoso, mas lá seguiu em frente, aguentou-se nas canetas – teve sorte, mais uma vez na vida. este “quase coelho” é um tipo cheio de sorte, afinal. e ainda bem, pois é muito bom estar aqui para contar a aventura de hoje de manhã.
bom, o avô está algures, e concerteza, orgulhoso e desconcertado, pois o “mais pequeno que os coelhos” até se saiu bem hoje, em mais um episódio da “sã” loucura dos corredores de “alguma” distância.
:)))
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a história dos 40 quilómetros de hoje de manhã confunde-se com a felicidade do dia.
pela hora estabelecida saí de casa. 6h30m. a temperatura estava muito agradável. 5 minutos depois surge um carro: carlos ferreira. iria fazer a primeira 1h e meia comigo.

caro amigo carlos: um agradecimento especial, para uma pessoa especial, que é também um atleta especial (e hoje vi que gostaste de andar no ritmo do tartaruga :))))) - se te habituas estás tramado!!!)

seguimos em direcção ao jamor e por lá andámos. cruzámo-nos com alguns corredores (notoriamente alguns de gabarito, velozes logo à 2ªf de manhã); fomos no paleio, agradável, sempre a um ritmo conservador, porque o caminho iria ser longo.
muito sereno este início de dia. pelas 8h, de acordo com plano, e por volta dos 14 km, voltámos à porta de casa para festejar com a cristina, rodrigo e andré. beijos especiais que revitalizaram a energia para o que faltava. troquei de gel e mantive-me com o powerade inicial. despedi-me do carlos e segui para junto do rio.

eu e o carlos, com o rodrigo de costas (foto: cristina)

a caminho dos restantes 26 km (foto: cristina)

o vento esteve sempre de frente até à praça do comércio. algumas pessoas a caminhar e a correr. o dia estava magnífico, o sol radioso, o calor vinha aí. sem grandes pensamentos nem preocupações com ritmos, lá fui seguindo confortável, entre os 6m e 6m15s/km. sentia-me bem. perto dos 25 km comecei a sentir as dores, normais. por entre a rua do arsenal cheia de carros, autocarros e alguma fumarada, as obras da praça do comércio e as pessoas atarefadas para ou num dia de trabalho, lá cheguei ao jardim das cebolas, onde virei com perto de 28 km. era hora de voltar. as pernas davam sinal mas sentia-me forte e muito bem. talvez melhor do que em qualquer das maratonas que realizei. também, ia mais devagar, é natural.
por falha minha combinei mal o abastecimento dos 30 km com a cristina. já ia sem bebida e o gel estava no fim, por alturas do cais do sodré, no regresso. o ritmo estava bom, e com o vento pelas costas ainda fiz um quilómetro a 5m33s e dois a 5m45s – um luxo!
o calor apertava. ninguém sentia certamente, das pessoas que iam trabalhar, mas eu comecei a sofrer um pouco.

estratégia alternativa, plano b: beber água nos quiosques e perto do "café in", e caso fosse necessário, nas bombas de gasolina.
assim foi! no quiosque da rocha - chamado de “os primos”, um copo de água com sabor a festa, parecia champagne. o meu maior obrigado pela simpatia e solidariedade.
sempre em frente, esforçava-me por ignorar as dores. sabia estar forte e agora o jogo era apenas mental. no "café in", na torneira, mais água; aproveitei para passar a cabeça por água. soube bem, estava fresquinha.
no padrão dos descobrimentos, pelos 35 km, finalmente, o sorriso da cristina, a banana (meia, não dava para mais naquela fase) e um gole de powerade: “e siga que se faz tarde e está calor!”

o passeio continuou e agora custava um pouco mais, mas a mentalização era quilómetro a quilómetro, apenas isso. mantinha um ritmo agradável e tentava terminar depressa pois já estava muito calor. em algés no café do túnel da estação, mais um copo com água e … subida final.
e a partir daí custou e muito: faltavam 2,5 km, sempre a subir. com os prédios a fazer de corta-vento a temperatura aumentou uns graus. sentia-me bem em termos respiratórios mas sofria das pernocas. lembrava-me do porto 2007 e das cãibras, o calor, o calor. lá fui correndo mais devagar.

e quando cheguei aos 40km, cumprido o objectivo primeiro, decidi parar.
já tinha feito a distância, diverti-me, retirei prazer deste “treino” longo, realizei-me. o desgaste já era grande. há uns quilómetros que sentia uma bolha a começar a emancipar-se.
pensei no nuno k., na corrida da serra da freita :) (opssss … nuno, ainda não é esta de 80 km, pois não??? é a do pastor de 28 km né? :))

com a responsabilidade dos 40 :), preferi poupar-me e poupar a bolha. estava servido o prato principal. não queria piorar, nem fazer perigar a estreia nos trilhos, daqui a 2 semanas. prudente!

a evidência material do treino (foto: cristina)

como castigo obriguei-me a subir os 3 andares pelas escadas, como sempre, e segui para uma cadeira. bebi mais powerade e o que restava das minhas perninhas foi para o duche.
aí deu-se a maravilha mais prodigiosa de que me lembro desde que sou atleta: uns minutos de água fria nos pés, tornozelos, pernas e coxas, seguidos de um duche total rápido e eis-me como novo, preparado para o treino de recuperação do final da tarde :))

inacreditável. saí do duche como se tivesse feito apenas 20 km. bendita água fria.

e assim foi! um início de dia bem começado (obrigado carlos, obrigado meus amores), uma manhã de prazer e realização, um telefonema do meu pai, um almoço com o filhote mais velho e com a minha mamã (há 40 anos não estava tão descansadinha a esta hora :) e uma tarde que será passada com a miudagem, uma noite em família.

há algo melhor para um dia especial???

abraço
ab

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caso fosse uma maratona teria parciais bastante equilibrados:

10 km - 1h01m

20 km - 2h04m (1h03m)

30 km - 3h06m (1h02m)

40 km - 4h10 (1h04m)

o treino está no bom caminho.

domingo, 15 de março de 2009

Decidido, venham eles

já está tomada a decisão!
saída amanhã pelas 06:30h. vou começar por correr 1h30m a apanhar o fresquinho da manhã.
regressarei até à porta de casa para um beijo matinal à família (que estará de saída para o início da semana), com direito a reforço de bebida e gel.
as restantes 2h30m (por estimativa) serão feita em direcção à praça do comércio, sempre junto ao tejo.
após o retorno, num dos locais emblemáticos da "minha" lisboa, novamente junto ao tejo, o caminho inverso rumo a casa.

prevejo 40 km. o gps está a carregar. tenho que acreditar na calibração desta ferramenta de monitorização. há 1 semana na lagoa azul alinhou com o do nk, com um desvio mínimo.
creio ter garantias :)

primeiro objectivo: festejar e terminar.
segundo objectivo: prazer máximo.

objectivo adicional, não mandatório :))) :
cobrir a distância miníma de uma ultra-maratona, com uns redondos 43 km.
amanhã cá estarei para contar a aventura.

ab

p.s. - parabéns meu amor, pelos teus 40 anos de hoje e obrigado pelo fim de semana pleno de festa.

sábado, 14 de março de 2009

Preparativos - 40 km

pois é!
2ª feira, 16 de Março, está à porta e os 40km serão uma realidade.
será um treino longo, para desfrutar do rio tejo e de parte da "minha" cidade de lisboa.

o único objectivo é terminar. em quanto tempo logo se verá.

é que isto de andar a ler livros sobre ultra-maratonistas muda bastante o paradigma e os referenciais sobre o treino e sobre a corrida.



no meio do planeamento e da logística continuo com uma dúvida: a que horas vou começar?










a ideia inicial era a saída pelas 8:30h.
depois da manhã de hoje no jamor com os rapazes, tenho sérias reservas.
é que com a temperatura primaveril, faria 3/4 da corrida acima dos 20 graus, caso se mantenha como hoje.

quero fazer 40 km mas sem masoquismos desnecessários.


coloco mais 2 opções:
- saída pelas 06h da madrugada
- saida pela meia noite em ponto, para começar bem o dia


amanhã optarei por 1 de entre as 3.

ab

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ultra leitura






está a ser uma excelente leitura.
muito, muito bom.
textos sobre, e entrevistas com, ultramaratonistas. mais e menos reputados.
mas nas ultra maratonas isso não interessa nada.
curiosos são os traços comuns entre todos, e que contribuem para a realização de terminar uma ultra:

- planear ...
até ao mais ínfimo pormenor, todos os detalhes. nada de surpresas é a orientação estratégica antes, durante e após a corrida.
uma ultra já tem surpresas suficientes e um contexto adverso, na sua génese e por natureza.

- concretizar ...
e persistir, sempre em frente, mesmo nos momentos mais adversos. apesar das muitas dúvidas, do medo, da ansiedade, dos buracos negros antes e durante as corridas, todos, sem excepção, foram buscar ao seu fundo mais escondido a coragem e a energia para manter a mente focalizada no objectivo final. e esse é o guia de todos, sem desvios e sem diferenças, nesse particular.

- avaliar ...
para concluir uma ultra o trabalho em equipa é fundamental. a avaliação ao longo de toda a duração do evento (e claro, de toda a preparação) decorre da troca de informação e de experiência com a "equipa".
por outro lado a motivação dos ultras é algo que vai mudando ao longo da corrida/prova. há uma avaliação permanente dos elementos do contexto/envolvente e dos elementos internos do "ultra", de forma a afinar os seus objectivos com as suas capacidades em cada momento.

- alinhavar/corrigir ...
o próprio objectivo final vai sendo reajustado, muitas vezes com um desvio padrão de "horas" pois numa prova de 100 milhas, por exemplo, umas quantas horas são "peanuts".
e nas ultras há algo de inadiável: sempre que surge um problema (bolha, ferida, traumatismo, ...) tem que ser resolvido de imediato.
nada pode ser diferido, sob pena de agravamento sério e deterioração da performance e, quiçá, das hipóteses de terminar o evento.
a acção "correctiva" para resolver o problema tem que ser imediata, para ir de encontro à fonte. e só assim se pode prevenir a sua recorrência.


fica-me uma pergunta:
depois de reler, não são estes 4 pontos adequados para aplicar na vida, no dia-a-dia e na própria actividade profissional?
talvez não haja assim tantas diferenças entre o que é importante e comum, nos nossos papéis de cidadãos, profissionais e atletas.

ab

quarta-feira, 11 de março de 2009

Aproveitar


início da noite primaveril.
uma temperatura e um ambiente fantásticos no jamor.
o tempo estava curto: muito trânsito para lá chegar.

menos tempo para treinar =
10m aquecimento + 30 m ritmo de 10 km + 5 m

foi tudo improvisado mediante as circunstâncias. mas soube muito bem!
excelente, excelente, excelente, ...
a palvara mágica: aproveitar, aproveitar, aproveitar!!!

todo o tempinho que vamos tendo nas corridas do dia-a-dia.

ab

terça-feira, 10 de março de 2009

Devagarinho ... mas menos




ontem dei por mim a treinar no estádio nacional, ao final do dia, num treino destinado a "rolar".
foram 45 minutos, numa boa onda, com uma temperatura invejável. o treino tinha por objectivo ser suave, apenas correr devagar.

mas não é que as pernas me pregaram uma partida e de repente, sem grandes andanças nem pensamentos, estava na casa dos 5m30s ? (digo-o assim porque, para mim, é um ritmo fascinante num treino destinado a penas a rolar suavemente).

ora isto significa que o corpo está a aplicar os benefícios do sobe e desce. sem grande planos, cá se vai ganhando consistência.

é bom, sentir o domínio e o controlo, ainda mais pela forma como tenho treinado; tenho-o feito apenas de forma a retirar imenso gozo de cada treino, sem quaisquer preocupações com ritmos.

todavia ... ele vai chegando.

ab

domingo, 8 de março de 2009

Há dias assim ... tristes!

primeiro. o primeiro. o melhor de todos. ficar em primeiro ...
parece que nada mais existe que o primeiro, o objectivo de ficar em primeiro.

e o mundo, que é tão rico devido ao conjunto do "todos", por causa de todos os outros, que não apenas o primeiro. e geralmente nem é o primeiro o mais interessante. são todos os que podiam ser os primeiros mas que por qualquer razão não o foram.
e todos os que não podem ser primeiros? sim porque nem todos podem, genética, fisiológica e psicologicamente falando.
onde ficam? já não há lugar para eles? mas então como pode haver primeiros, sem existirem os outros?

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hoje foi um dos dias mais tristes da minha vida.
vinha preparado para relatar mais uma incursão pelas canoagens. infelizmente não o vou fazer! vou descrever um outro lado da "festa".

que valores se passam para os jovens em formação? que formação desportiva - e logo cívica - se está a passar com o exemplo da mediocridade e da intrujice? da fraude? do desrespeito pela saudável competição?

passo a explicar (e sou insuspeito, porque não tive os "meus" envolvidos):
- numa prova, uma tripulação não alinhou à partida. a partida foi dada e a meio da prova, devido aos incidentes que haviam impedido o alinhar na partida, a dita tripulação "apanhou" a prova já em marcha.
no final foram chamados ao pódio como tendo ganho o primeiro lugar.
para além da palhaçada da organização, que não teve um controlo mínimo para evitar a falsificação da verdade desportiva, resta a vergonhosa atitude dos treinadores, pais e jovens concorrentes.
receber o prémio de 1ºs classificados, quando os segundos ali estavam honestamente, tendo partido e chegado segundo as regras, sem se terem apercebido do sucedido ...
ninguém assumiu este acto vergonhoso.

os "vencedores" levaram um troféu sujo: de desonestidade, de desrespeito, de pequenez, de mediocridade, de falta de carácter, de tudo aquilo que mais abomino na espécie humana.
os treinadores e os pais provavelmente já terão muitos destes troféus em casa. só assim se explica o "exemplo", a passividade, a ausência de vergonha, a mesquinhez do acto, o roubo.

são estes os jovens que se formam neste momento, desta forma, neste país.

e sinto-me cada vez mais "alienígena". porque me sinto parte de um grupo cada vez menor, que condena e acha anormais estas situações.
pelos vistos a fraude e a ausência de valores "saudavelmente desportivos" estão a tornar-se normalidade.

preciso de mudar de país?
sim porque fechar os olhos vai contra mim, não o posso fazer, não o consigo fazer.
quando a fraude passa a pertencer ao rotineiro fluir dos dias, quando é parte normal no comportamento de "agentes" desportivos - de crianças a adultos, onde mora a raiz esperança?

é que sou do tempo em que desporto significava em primeiro lugar respeito por nós próprios, em segundo lugar respeito pelos outros e, em terceiro lugar, aceitar as regras do bom carácter e da boa conduta desportivas - a primeira das quais, não fazer batota e aceitar os resultados como fruto do trabalho e do suor, por vezes da sorte, nunca, mas nunca, da trapaça.

ab

nota 1:
não estava (feliz ou infelizmente) naquele momento, na entrega dos troféus.
caso estivesse, podia ter corrido mal, pois teria difculdade em reter a indignação ...
talvez fosse um pequeno passo. talvez! mas cada vez sei menos ... e o pior é que não sei se adianta alguma coisa, pois os referenciais são totalmente distintos. praticam-se valores "concorrentes".

hoje estou enojado.

nota 2:
o lado positivo desta história: como é com os exemplos que educamos, aproveitei naturalmente este para falar com o rodrigo e para insistir na diferença de valores e de práticas, os que defendo e os do exemplo.

sábado, 7 de março de 2009

Lagoa Azul - Sintra

O sítio: "Lagoa Azul"

"A" Lagoa Azul


Os patinhos psicadélicos graças à minha aptidão para tirar fotos com o tm

numa palavra, o treino de hoje foi “poesia” da mais pura. obrigado nk.

estava combinado pelas 7:30m na lagoa azul. cheguei com 5 minutos de atraso porque fui directo à penha longa … rotundas :) e a cabeça que já não é o que foi!
a temperatura estava excelente, 12 graus. céu cinzento mas sem chuva.
iniciámos e com 5 minutos subimos a pique num trilho fantástico, durante uns quinze minutos, até à estrada que vai dar ao cabo da roca – a da corrida do gp do fim da europa.
(nk o meu próximo objectivo é subir o trilho todo sempre a correr :)

a partir daí continuámos, ora em trilho, ora no asfalto por pequenos períodos.
o mestre guru deleitava-me com o seu relato de experiências passadas, de quem conhece a zona e por ali fez a recruta. os trilhos corta-fogo estão bem arrumados e permitem um passeio aprazível durante o tempo que quisermos.

tinha como objectivo correr 1h30m. à pergunta do nuno, por volta da 1h10m, respondi que poderia fazer até 2h - uma vez ali, num paraíso longe do “homem”, não me importava de desfrutar ao máximo. foi algo de inesquecível. a serra de sintra só nossa, de manhã bem cedo, inspirando o ar mais puro, desfrutando do verde mais verde, das árvores imponentes, de uma natureza ainda (quase exclusivamente) em bruto. é algo que não se consegue contar. esta experiência não tem tradução possível e por isso termina aqui, com o relato da 1h51m de treino.

o mestre nk hidrata com a sua mistura, após o treino ou... o início do repouso do guerreiro


após o treino ... feliz! (foto nk)


convido-vos a gozarem do mesmo paraíso, desde já. vale a pena, e começando cedo, ainda mais. depois … relatem a experiência. para os renitentes que gostam mais de caminha de manhã, não perdem muito em experimentar, uma vez basta; no final, o crédito na alma compensar-vos-á por tudo!

ab

quarta-feira, 4 de março de 2009

Corta mato escolar




o rodrigo teve há 2 semanas uma prova na escola, no último dia de aulas antes das férias do carnaval. dei lá um pulo e desfrutei de um bom final de manhã. assisti a várias provas, organizadas por diferentes escalões.

algumas notas:
- o corta mato decorre à volta da escola, sempre em asfalto; não há "mato".
mas ... ainda bem que ninguém está preocupado com o nome e que realizaram este conjunto de actividades, pois o importante é mesmo colocar a malta a mexer.
- a participação não era obrigatória. apesar disso, o número de participantes na várias provas foi elevado, o que me deu uma grande satisfação.
- vi um elevado número de jovens muito cansados logo na primeira subida, aí uns duzentos metros após a partida (o percurso seria de cerca de 1000m):

alguns manifestamente por problemas de obesidade,
outros eventualmente por sedentarismo,
outros ainda - percepção minha - por um motivo talvez mais complicado, deficiente alimentação.

pois é, face à magreza que aparentavam, suspeito que este possa ser um dos motivos para a falta de energia. o que nos leva a pensar seriamente nos 2 extremos - obesidade e carência alimentar - afinal tão juntos socialmente ...

quanto ao rodrigo, bom, correr não é o seu prato favorito - diria mesmo que na escala pessoal dele fica bastante em baixo :); ainda assim, participou, deu o melhor que conseguiu e deu-me um orgulho imenso:
- meu amor, participar é tudo! a partir daí é com cada um, mas ao iniciares a corrida ganhaste-a desde logo, fizeste e foste o dono da tua viagem.

ab

terça-feira, 3 de março de 2009

Há ultras e ultras ...

não consigo deixar de linkar para um post do p.a., meu bom amigo e o homem que no verão passado fez apenas ... viana do castelo --> sagres, montado numa bicicleta, em 26 horas, tudo de SEGUIDINHA.

este post tem que ser partilhado. o texto é longo mas na minha opinião vale bem o tempo de leitura.
confesso que ainda não o li todo, copiei para word e vou ler o resto daqui a pouco.
mas com 1/3 de post lido já percebi que:

- o artigo está muito bem escrito

- a análise do limite humano é algo de muito interessante, sobretudo porque é sempre difícil descobrir onde reside esse limite, em qual das componentes (ok, esta foi um bocado estúpida, porque a única perspectiva que devemos adoptar é holística, una, não podemos analisar o comportamento humano à luz de "componentes" ... descartes já era, damásio ensinou-nos isso!)

- a leitura do artigo impõe uma outra visão sobre a motivação (individual e de grupo/equipa) e sobre o fenómeno da dinâmica de grupo/equipa e da necessária tensão (o nível óptimo de tensão que faz mobilizar os membros de um grupo/equipa como um todo), para que os grupos/equipas sejam "performantes"

ab

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sócrates - o poder do não saber

sócrates na gestão.
um livro pequeno, mas muito rico, como são ricos muitos dos livros pequenos.
afinal, o essencial não requer assim tantas palavras.
lê-se rapida mas intensamente.
foi uma prenda de natal do meu bom amigo r., a quem desde aqui agradeço.
já foi lido, após ter pernoitado na fila das leituras - chega sempre a hora para todos, pode é demorar um pouquinho ...



ab

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"porque eu não queria que me dissesses apenas quem é corajoso na infantaria, mas também na cavalaria e em tudo o que for pertinente à guerra, e não apenas na guerra, como também nos perigos do mar, quem revela coragem nas doenças, na pobreza, nos negócios públicos; mais, ainda: quem é corajoso não somente em relação à dor e ao medo, mas também forte contra os apetites e os prazeres, assim quando os enfrenta como quando foge deles."

"mas não devemos nós, eutífron, examinar se ela [a tua opinião] é ou não correcta? ou nos contentaremos com isto e desistiremos de fazer perguntas a nós próprios e aos outros, aceitando como verdade tudo aquilo que nos afirmam que é verdade? não devemos submeter a exame aquilo que nos dizem?"

domingo, 1 de março de 2009

3 horas ou ... o tempo é diferente nos trilhos?

- acorda!
- não me apetece, ainda ontem fiz 1 hora de subidas e descidas, estou cansado … esta semana já fiz 4 treinos, 2 dos quais na montanha russa do sobe e desce. sinto-me maçado.
- acorda! acorda!
- já disse que não me apetece. que horas são?
- seis e trinta. o treino tem que começar pelas sete e trinta. vá acorda! rápido!
- mas já disse, p…a, não me apetece! especialmente hoje. já fiz os treinos todos da semana, 4, para ser mais preciso. já chega!
- acorda pá! deixa-te de tretas. és um homem ou és um rato? (nota: naturalmente, sem querer atingir a honra dos ratos, que têm tanto direito a viver neste universo como qualquer um de nós e têm o seu papel no todo)

fonte: http://www.amigosdomario.com.br/


- olha, neste momento nem uma coisa, nem outra. talvez seja mesmo uma tartaruga em hibernação tardia.
- acorda pá. é a última vez que te aviso! tens que correr 3 horas, hoje, agora. olha, a foca está de repouso, depois de ter andado a dançar as sevilhanas, o buda vem relaxadinho das suas viagens espirituais; vão dar-te cabo da cabeça nos trilhos do pastor, caso não treines como deve ser. vá, não tens desculpa, acorda, rápidoooooooooooooooooooooooooooo!

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esta semana teve 5 treinos (graças à voz interior, madrugadora, que hoje me tirou da caminha), este fim de semana teve 2 treinos num total de 4 horas. devem ter sido quase 40 km, em sobe e desce permanente. hoje foi o circuito já habitual, saída de casa (pelas 8 horas :), subida para o monsanto, em tudo semelhante aos treinos longos de há 15 dias e 1 mês.

as principais diferenças: das 3 horas, uma hora e quarenta foram passadas em trilho, sobe e desce permanente, entre o arvoredo e o ar mesmo puro.

uma constatação: o tempo nos trilhos flui de forma diferente, mais pausada, pois os barulhos da natureza, dos animais que por detrás do verde nos acompanham, passo-a-passo, fazem-nos retornar a uma calma primitiva, a uma quase ausência da necessidade de registar o tempo. o que uma desvantagem, pois a partir da 1h30m “as pernas” foram acumulando a fadiga desta semana volumosa e o “tempo” nunca mais passava :)


a volta em monsanto foi bonita, o trilho estava fofo da chuva nocturna e da orvalhada matinal. foi um treino importante, muito sobe e desce, subidas difíceis, descidas por vezes íngremes, sem tempo para frenar o peso do corpo; mentalmente tinha que ser - agora sim! a 1 mês de distância já estou mais próximo de fazer os trilhos do pastor com alguma segurança e mais confiante.

a corrida da árvore em monsanto ia dando sinais, com a colocação dos abastecimentos, com as placas a assinalar os quilómetros, com a polícia estrategicamente colocada a mandar inverter o tráfego que afluía a monsanto.
cruzei-me com alguns corredores que ora aqueciam, ora treinavam à parte da corrida da árvore. cruzei-me com muitos, mesmo muitos, ciclistas. e hoje até foram todos bastante simpáticos, retribuindo sempre os cumprimentos e os acenos (por vezes eram grunhidos da minha parte, em função da inclinação da subida :). é que os ciclistas são uma “raça” onde há alguns cromos, aliás como em qualquer raça – incluindo a dos corredores – que nem se dão ao trabalho de cumprimentar quem passa, e por vezes também se esquecem de apitar para assinalar a sua presença (pedro a., vá, podes bater à vontade que posso provar o que digo – só precisas fazer um treino comigo :)))
tudo estava perfeito, não fosse o erro de principiante, primário e básico. não levei água. levei 2 gels da decathlon, de maçã – bastante saborosos, e contei com o ovo no bumbum da galinha: contava beber, ou nas torneiras para lavagem das bicicletas, ou em alguma das fontes em monsanto.
acontece que, manifestamente por actos de vândalos, as torneiras estavam partidas e as fontes nem dispositivo tinham para accionar água. moral da história: fui andando e ao fim de 2 horas e trinta minutos parei na bomba da bp no restelo e lá consegui matar a sede. muito tempo depois do que devia. é que nos trilhos o cinto com as “granadas” de líquidos não deixa de causar desconforto. e ainda não descobri uma loja onde possa adquirir aqueles recipientes que se prendem à mão – tipo os que os ultramaratonistas usam.

o casal que enchia os pneus e que regularizava os níveis da água e do óleo do carro olhou para mim e para o meu estado como se um alienígena tivesse aterrado no restelo.
fica uma imagem da bomba de gasolina do restelo na manhã de hoje.

fonte: www.reflexoesexteriores.blogspot.com

o treino terminou a subir, como é hábito, até à “minha” praceta. a provação final, a subida a pique durante uns 750 metros. final não, porque ainda subi 3 andares de degraus, fiel à minha resolução de evitar os elevadores. e pronto. está feito. ninguém mo tira.


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a voz interior, impulsionadora do acordar madrugador, ainda me permitiu desfrutar de algo muito rico: o rodrigo recomendou-me um livro que acabou de ler ontem - leitor compulsivo como eu, logo mo entregou para o “devorar”.
chama-se “vovô tsongonhana”, da autoria de augusto carlos, escritor moçambicano.
estou a adorar. comecei hoje de manhã, enquanto aguardava uns minutos, para que o pequeno almoço assentasse. tem a magia da escrita africana, que com a sua simplicidade e intensidade, nos transporta sempre para o que é importante e para um imaginário assente sobre a terra forte das mãos africanas.

ab