sábado, 28 de fevereiro de 2009

Como pode 1 segundo fazer a diferença?

estes dois posts são extraordinários.

o do blogue just run da luciane, pela vitalidade que transmite e pela paixão que decorre das palavras. é o post de 19 de fevereiro intitulado:
O QUE VOCÊ FARIA EM TRINTA E DOIS SEGUNDOS??? (desculpe luciane, não tive arte e engenho para copiar o link para o post :)
no caso trinta e dois segundos aguçaram o apetite para a próxima meta.

neste segundo, do blogue do jorge, grande maratonista e ultra, companheiro da blogosfera que alimenta um blogue sempre atractivo, fica um testemunho de vida num post cósmico sobre a importância da corrida para a reabilitação de uma pessoa, a cristina.
uma história comovente de força, entre muitas, que tem a nobreza da luta permanente, da persistência e de viver com o coração para atingir o objectivo maior - a libertação e a liberdade, de forma a fruir plenamente dessa dádiva chamada vida.

e daí a minha pergunta:
para que serve 1 segundo, e como pode fazer a diferença?

1 segundo pode ser o tempo que medeia entre o nada e o colocar em prática uma decisão:
- dar o primeiro passo, começar uma nova etapa, iniciar uma caminhada, iniciar uma corrida, dar vida à mudança.
e tudo começa com um passo apenas - com 1 segundo, o primeiro passo, que basta para mudar.
o caminho pode ser irreversível, tanto no sentido bom, como no menos bom.
mas 1 segundo basta para tornar a vida numa tela mais bonita, melhor, mais vivida, mais partilhada.

Bons começos, bons primeiros passos, boas utilizações de cada um dos segundos.

bom fim de semana,
ab

p.s. - é por isto que adoro a net e a blogosfera; antes de mais pela possibilidade de aprender, de partilhar, de ganhar motivação com as experiências de outras pessoas, afinal, de nos enriquecermos de uma forma que não seria possível há pouco tempo.
muito mais do que um meio de comunicação, é uma forma de partilha.
e essa é uma diferença incomensurável.
à distância de um clique que demora ... 1 segundo !!! :)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Conversa em ritmo de tartaruga - como faz sentido




hoje aproveitei o final do dia para mais um treino na canoagem e arredores.
o rodrigo teve kaykak e juntei o útil ao agradável. fiz 50 minutos certos.
esta semana está e vai correr bem, já lá vão 3 treinos e chegarei a 5. bom, muito bom, tendo em vista os desafios que se avizinham.

ia com 5 minutos e colou-se-me o paulo a.
cumprimentámo-nos e disse-me que lhe faltavam cerca de 15 minutos.
referi que havia começado há pouco e que ia correr devagar, pois ontem "dei-me" uma tareia na mata. agradeceu e lá seguimos.

e não é que o raio do ritmo foi mesmo baixinho, que ele também estava todo partido, e o treino em conjunto foi bastante agradável?

como é que explico ao mundo que treinar em conjunto só faz sentido quando os ritmos são idênticos, ou se tornam idênticos, pela cedência por parte do mais veloz :)?

e que treinar em conjunto só faz sentido se for devagar, para ter fôlego para conversar, pois treinar em conjunto e depressa, não me parece que dê para pôr a conversa em dia?

bom mas hoje, e olhando a minha cara e para o meu tom de voz, pouco assertivo, mais para o directivo e decidido, o paulo percebeu que para correr acompanhado tinha que seguir ao meu ritmo.
e creio que no final também agradeceu.
e eu agradeço ao paulo a boa companhia.

ab

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Consegui ...

... acertar na única poça de lama num raio de 30 quilómetros quadrados.





:)))))))))))))))))))


meti-me pelas matas do jamor, qual criança feliz.
efectivamente, correr por entre as árvores e nos trilhos tem algo de especial.
do treino de 1h20m, cerca de 1h foi de sobe e desce, no meio do arvoredo.
ia tão empenhado e contente, focalizado nos buracos e nos desníveis, que não reparei no maior.

fiquei com o pé esquerdo todo castanho até ao tornozelo. lama grossa, daquela que só vai descolar daqui a uns dias :)

ri a bom rir, sozinho, eu no meio da bicharada, que fazia os seus ruídos quotidianos entre as ervas, escondidos do bicho homem que só perturba.

como se não bastasse, antes deste belo treino, encontrei o meu amigo zé mario, homem dos triatlos e das corridas e bikes, que me disse, a propósito dos trilhos do pastor e das corridas em montanha, que isso sim, é o mundo da corrida em todo o seu tamanho - aí começa outra dimensão!
calculam que o meu apetite foi ainda mais aguçado.

falta 1 mês nuno k. e buda, vejam se treinam para me acompanharem :)
caso contrário, também os venho buscar, mas só depois da feijoada ...

eheheh!!!


ab

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

E já está ... uma águia de ouro

sábado foi um dia feliz. lá saíu a águia de ouro.
parabéns pai. momento único. um dos momentos da tua vida. com muito orgulho lá estivémos.

o avô zé e o andré a caminho da águia (o rodrigo é mais tímido e não quis ir ...)

o par de namorados na loja do benfica


orgulho benfiquista, orgulho no meu pai e no avô deles (zé bento: depois faço chegar os direitos de imagem)


a águia já aconhegada após o repasto em família


p.s. - a peleja desportiva nesse dia, nocturna, correu menos bem.
paciência! :)
mas o vencedor foi justo.
e quando assim é, resta regressar a casa, reflectir, e continuar batalhando.
para a próxima correrá melhor.
ab

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O meu companheiro de viagem - desde há 18 anos

fonte: http://www.shutterstock.com/

há um dia do ano em que durmo muito mal, mesmo que tente dormir como deve ser. e como não tomo comprimidos para dormir, lá tem que ser. a memória tece-as e é implacável. nunca me lembro mas ela ajuda-me. é quase sempre na noite de 21 para 22 de fevereiro. este ano quase coincidiu dia-a-dia na semana. em 1991, dia 21 foi numa 5ª feira. e na passada 5ª feira, não era dia 21, mas fez exactamente 18 anos. não dormi.

conheci nesse dia o meu companheiro de viagem, que este ano atingiu (atingiria ???) a maioridade. foi tudo muito rápido, nem tivemos tempo para as angústias naturais na maturação das relações. foi descoberto (deu-se a descobrir) na parte da tarde de 5ª feira, na manhã seguinte quiseram levá-lo. ainda hoje não sabemos se está escondido (afinal nasceu como parte de mim, e nunca deixará de fazer parte de mim) ou se foi efectivamente aniquilado. é uma dúvida que nos acompanhará, estou certo, para sempre. mas é um bom companheiro. não tem dado trabalho. escondido ou não, raspagem completa ou não, está sossegadito e não causa distúrbios nem produz ruído desnecessário.
desta relação ficaram (permanecem ? …) muitas histórias e estórias. 18 anos é muito tempo. acresce o tempo em que se insinuou na nossa relação, sem que ninguém o soubesse – eu sentia-o, mas nem desconfiava. adaptei-me, durante meses, sentia-o, fazia uma pressão enorme para estarmos juntos, era teimoso. a dor era a minha reacção à sua iniciativa e persistência. e doía muito. mas nós humanos, adaptamo-nos a tudo. literalmente!

bom, tive muita sorte. o meu companheiro foi descoberto, analisado, retirado (?), estudado, na hora certa e no momento certo. com 21 anos (a idade dele ninguém a sabia ao certo, seriam também 21 ou menos, ou muito menos, …). estava alojado no cerebelo, e chamaram-lhe astrocitoma. disseram-me que era benigno (sim, acredito, pois caso não fosse, e com 21 anos, com

a rebeldia a correr no rio da juventude celular, não estaria a escrever estas linhas, não estaria cá para contar e para correr 40 km no dia dos meus 40 anos, daqui a uns dias).
ninguém até hoje lhe descobriu a origem – congénito é a palavra com que lhe rotularam a origem, o mesmo que hoje em dia nos dizem sobre as viroses das nossas crianças, quando ninguém sabe o que têm e dizem para esperar 72 horas :)

comprimia ferozmente o nervo óptico – coitado, estava preso, queria crescer e eu não o deixava. repito, afinal era uma parte de mim. talvez uma ovelhita negra, mas não deixava (não deixa ?) de ser parte de mim. até à cegueira passariam algumas horas, por “corte” no nervo óptico. a lesão seria definitiva. até ao coma, mais umas quantas – afinal aqui na caixa negra, as medidas não esticam, qualquer moço ou moça que se queira espreguiçar perturba a harmonia do resto do pessoal.

na altura não havia euromilhões, mas o meu jackpot saiu nesse dia. tive igualmente muita sorte por ter percebido a vida com 21 anos. há quem perceba antes, há quem a entenda pela mesma altura, outros depois, há quem nunca a entenda. eu lá estava e espero ter sabido receber essa dádiva da vida de braços abertos. espero, aliás, ser dela merecedor.

das muitas histórias e pensamentos alguns ficaram como mais marcantes:
- não trocaria o hospital de santa maria por nenhum outro (é verdade que para a situação em causa não conheci mais nenhum. o que quero dizer é que no meu caso, serviço público foi igual a competência). todo o pessoal, apesar de instalações deficitárias (desejo que tenham melhorado desde essa altura), foi extraordinário. apesar dos muitos conselhos, sempre resisti a ir ao estrangeiro recolher novas opiniões. os melhores estavam ali (fica o devido e imortal agradecimento ao professor antónio trindade, à sua equipa, às equipas de enfermeiros, a todo o pessoal auxiliar, administrativo, …, e ao dr. ruy macedo, ainda hoje o meu oftalmologista, e que sabiamente me descobriu o mano rebelde na tarde dessa 5ª feira, tendo-me “ordenado” de imediato que fosse para santa maria – a ele o devo, o início da stressante aventura, bonita e bem sucedida com o ducurso dos dias seguintes);

- o melhor duche que tomei na vida foi nas instalações adaptadas para quem sofria de paraplegia. degradadas o quanto baste, fizeram-me chorar de alegria, no 5º dia após a cirurgia, pois o regresso à normalidade faz-se sempre pelas pequenas e mais básicas rotinas do quotidiano – um duche, por exemplo;

- com a cabeça aberta pelo serrote ou pelo berbequim em toda a zona occipital (nestes 18 anos o desenvolvimento científico atenuou, certamente, os meios intrusivos :), desde a parte de trás do pescoço até ao cimo da cabeça (tenho um cicatriz linda, bem direita, da qual me orgulho muito, uma verdadeira obra de arte), era apenas o “doente” mais saudável da enfermaria do piso 7, da neurocirurgia;

- tudo muda e quando muda o essencial, é muito rapidamente. as mudanças que contam acontecem num espaço muito curto de tempo. por isso devemos estar atentos a todas as oportunidades, que podem surgir ao virar do nada;

- assim que saí do hospital, após uma curta estadia de uma semana (como disse sou um felizardo) procurei desde logo a piscina. não foi por acaso que o instinto de sobrevivência me ditou que teria de estar em movimento. uns dias depois regressei à vida normal, graças à confiança que os meus pais em mim depositaram. foi a decisão certa.

- sempre me disseram que teria que voltar a ser operado, pois todos os indicadores apontavam nesse sentido. preparei-me durante 6 meses para uma batalha que nunca aconteceu. afinal havia (subsistem) dúvidas. senti-me defraudado; quem se prepara para a luta quer batalhar. mas com o tempo tudo se resolve. a serenidade volta sempre.

- o bom humor foi e é fundamental. mesmo nos momentos menos bons: mesmo quando não se sabe o que se deve dizer a uma mãe, à nossa frente, e é preciso contar que temos um tumor na cabeça, é importante pedir para desmarcar a consulta na dentista no dia seguinte, como aconteceu :). ou pensar durante a noite, de forma positiva, que aconteça o que acontecer, se vai sobreviver e pode acontecer ter que aprender braille – como também pensei. que haja algo de terreno, de bem humorado e de concreta resolução nos momentos que envolvem a angústia.

- quando me cruzo com algum pessoa que perdeu a visão nunca deixo de sentir a sorte que tive. geralmente é na forma de arrepio que me percorre todo. é talvez a minha forma de admirar quem vive nessas circunstâncias e de agradecer tudo o que me sucedeu.

- ao entrar numa aventura destas é forçoso confiar nas equipas médicas. é como entrar num avião. o controlo tem que ser partilhado e há que confiar em quem toma o comando. depois, há uma fase em que volta a ser nosso e depende da nossa vontade. apenas. e aí temos tudo a dizer e a fazer. a acção só depende de nós. de cada um.

- o resto, bom há tantas estórias para contar, que terá que ser noutra altura.

desculpem o desabafo, foi longo, mas era preciso.
este é um ano de festa, 40 anos é uma idade dourada, tento que cada dia da minha vida seja de festa, seja sempre o mais pleno, e estas reflexões ajudam a centrar no que é verdadeiramente importante.

quem chegou ao fim deste post apanhou com uma estrondosa seca.
o que posso dizer? olhem: azar companheiros! também faz parte levar umas "estuchas" de vez em quando – caso não seja sempre … eheheh!

isto tem que se levar devagar; agora já percebem um pouco melhor porque tento viver cada dia de forma mais sábia, como a tartaruga e porque gosto de correr muito tempo e muito devagar.
é que isto por cá só vale a pena quando se aprecia. e depressa é mais difícil apreciar.
o resto … o resto é paisagem e vai embora muito depressa, nem damos por nada.
portanto: siga!
cada minuto é, sempre, definitiva e incondicionalmente, o mais importante.
ab

domingo, 22 de fevereiro de 2009

20 km de Cascais

fonte: http://www.orient-express.com/

quando parei o cronómetro, marcava 2h43m50s. foi um bom treino longo. quentinho, pois a partir das 10 horas, nos 20 km de cascais, a temperatura foi subindo e o dia, esse estava excepcional. mas vamos por partes.
sem trânsito, cheguei a cascais rapidamente. no estacionamento do mercado eram 8h55m e escolhi o lugar que me apeteceu. rumei à recolha do dorsal, muito rápido. o ambiente começava a mexer e o tempo ajudava; a baía irradiava esplendor.
chip colocado, dorsal fixado, início do treino. eram 9h e 15m. rumei ao carro para beber um poweradezito, e segui pela avenida de sintra acima. pouco movimento, sempre a subir mas as subidas vão custando menos. o retorno lá em cima ao pé da bomba de gasolina. a temperatura aumentava. as moradias da avenida de sintra continuam com bom aspecto, bem tratadas, imponentes, apesar das décadas em cima. num pequeno “santuário” perto de alvide uma senhora ajoelhada oferecia flores a nossa senhora de fátima. o marido (?) aguardava em pé. apenas uma palavra respeitosa: o momento marcou-me pela devoção. à plena luz do dia, sob um sol brilhante, em cascais, achei-o muito bonito.


de regresso ao mercado um último gole de powerade. segui pela avenida 25 de abril para a zona do edifício s. josé. encontrei o antónio almeida e começámos uma “palheta” que iria durar até aos 9 quilómetros, mais coisa menos coisa. a isabel e a vitória são uma simpatia, finalmente conheci-as e tive o privilégio de ficar na foto com o antónio, a vitória e com a ana pereira, que por ali aquecia.


dada a partida, demorámos algum tempo a chegar à respectiva linha. muita gente, boa disposição e a sensação de que iria ser puxado, com calor e sem vento. um dia primaveril a tornar apetecível um mergulho. até aos cinco, seis quilómetros a passagem na bela vila de cascais, a trazer muitas das memórias de infância. o antónio lá me ia ouvindo a desfiar o “rosário” :)
finalmente a subida do antigo dramático de cascais e a entrada para a estrada do guincho. fomos falando a quatro (o antónio pinho estava com a ana, tive o prazer de o conhecer e de com os dois seguir até ao final: excelentes companheiros de corrida) e aos 9 km o antónio almeida seguiu no seu ritmo. fiquei com a ana e com o pinho, fazia calor, o ritmo era agradável e estava a desfrutar da companhia e do treino longo. maravilha, é o que posso dizer. simpaticamente o pinho passou-me um cubo de marmelada que soube muito, muito bem. já no regresso os primeiros iam passando por nós. aos 11 km cruzámo-nos com a carmo, que ia num bom ritmo. à nossa frente e com o dia limpo, desnudava-se a serra de sintra. belo! quase não havia vento e mudou ligeiramente de direcção, pois na viragem (no bidon que alguém levou para o cabo da roca :) ficou de frente. mas até era bem agradável. o mar do guincho estava calmo, com algumas ondas, lindas, lindas, com os seus véus ao vento. o mar azul chamava para um mergulho refrescante.

a ana seguia ligeiramente ofegante mas, nem era preciso dizer, seguiríamos até ao final. alguns companheiros foram-se juntando. um deles queixava-se da coluna, devido aos trabalhos de ontem na sua vinha. com piada o pinho referiu a qualidade certa do vinho deste ano :). o companheiro seguinte seguiu connosco até ao final (terei que ver o nome e actualizo depois). 57 anos na próxima semana. a prova de que o saber nunca ocupa lugar: aderiu ao programa novas oportunidades e anda em período de estudo apurado. lindo! sem mais! … é por isto que vale a pena viver devagar e aprender com todos com quem nos cruzamos. e existe algo de melhor do que ir quietinho e devagar numa corrida, longe das preocupações com o resultado, a beber do que as pessoas nos dão? não, nem de perto - sublime.


após o quilómetro 17 terminaram as subidas. junto do farol da guia recomeçámos a ver bastante movimento dos caminheiros de domingo na ciclo via. o pinho fazia uns sprints para esticar as pernas. creio ter encontrado uma boa lebre para os trilhos do pastor. assim tenha eu pernas para tal :). no quilómetro 19 deu um grito de júbilo, a anunciar o “sprint” final, e a partir daí foi sempre a descer, a quatro. perto do dramático ainda vi o ribeiro, já de saco na mão e com óptimo aspecto.
no quartel a equipa da ana incentivou-nos e tirou mais umas fotos e eis-nos na descida final. antes da meta o antónio almeida, a isabel a vitória (as minhas desculpas por não ter conseguido despedir-me).

cortar a meta a quatro, após 2 horas de cavaqueira, trabalho conjunto, em sintonia, partilha da paixão pela corrida e de várias estórias … o final perfeito.
as despedidas e … esta será para mim uma corrida para lembrar.

obrigado à ana, aos antónios, ao companheiro quase aniversariante, aos que connosco foram conversando. Valeu!
OBRIGADO. até breve.
ab

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O hálito como indicador

uma das manifestações do amor é a tolerância para com o hálito da pessoa amada.

sobretudo na velhice, quando alguns medicamentos adulteram a normalidade fisiológica.

ab

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Parquímetro



lisboa, perto da avenida da igreja, hora de almoço. estacionei e dirigi-me ao parquímetro.
antes de mim passou um senhor, vestido de fato, com gravata e uma pasta na mão.
apararentava cerca de setenta anos. deslocava-se com dificuldade.

a uns cinco metros de distância da máquina que me daria o bilhete, o senhor passou por ela e meteu a mão no local destinado às moedas do troco.

que palavras conseguem explicar este movimento mecânico, perfeitamente de passagem mas automatizado, de quem procura mais uns cêntimos, na idade que deveria ser de descanso e desfrute?

ab

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

As árvores da minha rua




as árvores da minha rua estão despidas. indefesas, vão resistindo ao inverno com a tenacidade e paciência dos sábios. de manhã podem aquecer-se e reconfortar-se. é que pelo nascer do dia o sol tem-se apresentado em grande estilo, revelando um óptima performance para a época.

no telhado do “health club” e a partir da janela estão marcados os pequenos regatos orvalhados, os resquícios da noite que acaba de se ausentar. o ciclo da renovação. a natureza tem o essencial todo escrito. o claro depois do escuro. o quente depois do frio. a calma após a intempérie.
mais adiante na auto-estrada inicia-se o tráfego massivo das 2ª feiras. o monsanto, onde ontem me libertei, ainda se consegue ver através de alguns prédios. a construção tem varrido todas as encostas. as vistas vão estreitando, as pessoas e as árvores vão ficando mais encarceradas. mas tal como as árvores só há uma solução: persistir, porque a nova estação chegará. mesmo que custe alguns ramos e a totalidade das folhas. renascerão.
as pessoas também vão ficando mais despidas. o rei vai nú. despidas de si próprias. é necessário voltar a olhar as árvores: já passaram por tudo e não se vergaram aos novos apóstolos da razão universal. vai havendo menos espaço para a diferença. as árvores despidas “parecem mal”, há quem não goste porque não ficam bonitas nas capas das revistas. e as pessoas também não querem mostrar-se despidas, têm receio – mais ainda, de se mostrarem despidas de si próprias. e a par do receio talvez tenham vergonha. o fosso vai aumentando. engrossam as fileiras dos resignados. na frente da batalha pela dignidade da “pessoa” há mais desertores e menos guerreiros. mas estes sabem que só têm uma missão na vida: continuar a luta. apesar de tudo. e é em cada árvore, em cada pessoa, que começa. a palavra passa.
porque quem sabe, ou tenta lutar por saber a vida, compreende:
- só vale a pena viver na linha da frente.
é aí que estão as vestes, para que cada um volte a vestir-se - de si próprio.
e é na transição do inverno para a primavera que surgem as maiores oportunidades para reassumir as diferenças. afinal, a riqueza que fortalece a natureza.
ab

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Longão em trilho

foram 2 horas e 20 minutos. foi um treino espectacular. um grande parte, quase 1 hora, em trilho, no monsanto.
poderia ter a mesma descrição do de há 2 semanas. o percurso foi em parte o mesmo. mas só em parte. o treino de hoje foi bastante diferente.
para começar, o ritmo foi mais sólido e o corpo reagiu de forma mais "leve", resultado das semanas de treino acumuladas. senti-me esplendidamente.

saí de casa pelas 8 horas em ponto. logo de manga curta, sem quase dar pelo frio. ao contrário de há 2 semanas, o tempo estava seco, o sol radioso, um verdadeiro dia primaveril, um pouco mais frio. um primeiro olhar para o senhor que com grandes dificuldades de locomoção, sempre bem vestido de fato e gravata, com a sua bengala e que nunca deixa de ir buscar o pão fresco antes ou pelas oito horas. que haja objectivos, por corriqueiros que pareçam, para continuar a sair de casa, é o meu desejo. curiosamente, 2h20m depois vi-o novamente no final do treino, agora a dirigir-se para um dos cafés aqui na zona.

na avenida dos bombeiros "beyoncé" cantava "if i were a boy", o som vindo do café "entre-gostos". uma música que considero lindíssima e que serviu para inspirar este início de treino. ao entrar na avenida das descobertas, um segundo olhar, agora para o taxista, na casa dos trinta, a enrolar "um". em comprimento parecia o nariz do pinóquio. espero que o turno tivesse terminado, para bem de todos :(.
nos placards o termómetro registava 8 graus. sempre a subir para monsanto, o cardio estava bastante estável e a respiração folgada, apesar da longa subida. poucos carros a ajudar a respiração, sem poluição no ar (ainda).

após o centro hellen keller e perto do cif, um terceiro olhar, agora caricato. com cerca de 50 metros de estacionamento completamente vazio, uma senhora, parecida com uma "fraulein" zangada fazia pisca para estacionar precisamente no local onde eu estava a passar. e ali esperou até que eu avançasse.


tive medo :).
próximo do monsanto, qual jovem indefeso, aquela epxressão intimidou-me :)
mas lá segui sem mais incidentes.
na avenida keil do amaral entro pelos trilhos. segui todo o percurso até montes claros; aí passei para o outro lado da a5 e segui em direcção ao regimento de sapadores de bombeiros. sempre a respirar a pureza do pulmão de lisboa, o ritmo não abrandava. muita gente ciculava já, ou em bicicletas, ou a fazer caminhada. poucos corredores, todavia.

correr nos trilhos, onde imperava o verde e o castanho, onde os raios de sol iluminavam a natureza imponente, foi uma experiência rejuvenescedora. sempre com grande vontade cheguei com 1h10m aos semáforos de pina manique. aí voltei. muitas subidas íngremes, até ao retorno ao restelo.
depois, a descida infernal, que me desfez as pernas. naquele momento preferia subir a descer :) escavaquei-me todo naquela descida. a temperatura era agora de 13 graus e meio. rapidamente cheguei a algés e depois foi sempre a subir até a casa. a última subida, a do dolce vita para a rotunda da antiga pedreira dos húngaros, foi a prova final deste treino longo.
cheguei com 2h17m e andei 3 minutos às voltas no jardim ao pé da praceta, para perfazer o tempo de treino que havia planeado.

o que me custou mais neste treino:
ter que abandonar monsanto e os trilhos. estava num mundo inenarrável e num momento do treino em que teria corrido muito mais tempo, integrado naquela paisagem de sonho.
um treino para relembrar.
estou ansioso pela corrida dos trilhos do pastor, os 28 km, em finais de março, e por mais treinos neste sobe e desce natural.

até breve
ab

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Da escola primária ao ... Palhota

ontem tive um jantar especial. com o pedro, meu colega de escola primária e um dos primeiros amigos, há mais de trinta anos. o pedro é primo da sandra, a mãe dos meus sobrinhos. dada a proximidade, fomos sabendo um do outro ao longo dos anos, por intermédio de outros.
havia reencontrado o pedro há cerca de 1 ano e meio. fomos trocando alguns mails, visitando os respectivos blogues e há 2 semanas combinámos uma jantarada.
o pedro sugeriu-me o restaurante a palhota na galiza, em s. joão do estoril. nem ele imaginava que adoro comida indiana e que adoro o palhota. seria difícil maior sintonia.
foi um momento "master", um jantar para relembrar e repetir.
é claro que durante três horas falámos de tudo, com uma cumplicidade própria das longas e firmes amizades. as da escola primária geralmente têm raízes sólidas.
desde as nossas ocupações, aos percursos de vida, aos amigos desses tempos, aos filhos, aos valores que defendemos, às viagens, aos percalços na saúde, aos projectos, aos regressos a algo que havíamos deixado a meio, ao teatro e à poesia, a conversa fluíu sempre num tom nada nostálgico, mas antes, diria, feliz e melodioso.
há valores partilhados que se sobrepõem à ideologia e às convicções. são valores estruturantes, que partilhamos, não sei se geracionalmente, se pela proximidade no crescimento e desenvolvimento. a verdade é que nos senti na mesma onda.
terminado o jantar passámos pela praceta e escola onde andámos. a cerca na escola e nos jardins a castrar os horizontes (mas com mais árvores, valha-nos isso), o excesso de carros na praceta onde jogámos tantas rivalidades futebolísticas, os bancos e o pequeno pátio onde lançávamos o pião. de forma breve recordámos alguns momentos e é bom recordar com quem connosco partilhou. saímos mais ricos.
aprendi coisas novas e senti-me com uma energia reforçada junto do pedro. vamos fazer 40 anos este ano. como lhe referi, sinto-me a fervilhar, com energia, com vontade de fazer coisas, com saúde para gozar cada dia e sem receio do risco. estamos na idade de ouro. só nos cabe aproveitá-la.
e como tão bem referiste pedro, há que não ter medo de deitar fora e de procurar sempre o novo e de novo.
destruir para reconstruir, afinal, lutar contra o comodismo que decorre do que já fizémos, das tarefas que achámos brilhantes. renovar, renovar, renovar. o único caminho para nos realizarmos.
OBRIGADO AMIGO.
certamente iremos repetir.
Ah ... e irei ler jon fosse e tcheckóv :).
abraço forte
ab
p.s. - como complemento e cereja no topo deste majestoso bolo, hoje de manhã durante o treino de 50 minutos entre paço d'arcos e carcavelos e volta, cruzei-me duas vezes com a susana m., colega nos estudos desde a primária até à vida adulta.
já havia referido a susana aqui, e hoje cumprimentámo-nos, parámos das duas vezes a saber de cada um e para uns dedos de conversa. certamente haverá mais treinos e mais reencontros, quiçá em conjunto, para pôr a conversa em dia. adorei ver-te susana.
como vês pedro, há momentos que carregam uma energia tão positiva que arrastam outras boas surpresas. e é óbvio, está sempre tudo ligado, como ontem concordámos.
:)

Análise de risco - fundamental

ontem foi dia de treino nas rampas, como na outra semana.
já melhor preparado ataquei-as com calma, seguro da empreitada.
desta feita não houve gazela e foram 12, mais 2 do que há uns dias. senti-me muito bem. a preparação segue de vento em popa.

a estupidez:
a luz não era muita, o trilho estava escuro. a vontade sobrepôs-se à análise do risco.
não estava molhado, nem escorregadio, nem sequer havia grandes perigos.
mas havia algum!
um pé mal colocado, um movimento em falso, e sairia uma lesão.

análise de risco: eis um recurso / ferramenta que os atletas devem sempre utilizar, não menosprezando nunca as condições envolventes.

correu bem ... podia não ter corrido.
bom fim de semana desportivo.
ab

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"A minha arte e outras coisas"

o andré bento decidiu "arrumar" com o seu site nos sites/google - creio que o achava pouco dinâmico - e aderiu à blogosfera - AQUI
desde o fim de semana tem sido um corropio de posts.

a dinâmica editorial é avassaladora.

o conteúdo é extraordinário e nada como um filhote muito terra a terra, o matemático cá da casa, e que escreve direitinho ao assunto. delicioso. até o endereço revela o seu pragmatismo: "a minha arte" estava "esgotado" na nomes à disposição e vai daí ficou, assim mesmo, "esteaqui".
prático e rápido. indolor. :)))

um riqueza.
hoje, agora, passei os olhos por todos os posts, pois pensava eu que talvez lá para o fim de semana chegassem mais uns quantos.
fui ao engano, naturalmente, pois o rapaz quando se mete numa empresa, aí vai ele.
já o sabia, mas confirmei-o.

parabéns meu amor. que orgulho. continua com toda essa vida e aproveita cada instante!
ab

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Muitos degraus em 2009

fonte: www.overmundo.com.br


para 2009 decidi abandonar os elevadores (excluem-se situações de transporte de materiais pesados, como "compras", naturalmente).
por um lado, posso ajudar o ambiente, por outro, melhoro a condição física e a saúde.
moro num 3º andar.
trabalho num 3º andar.
por dia subo e desço muito, pelas escadarias, desde o início do ano.
vantagens:
- tenho mais tempo para pensar no que me ocupa a caixa negra nesse momento, ou para sonhar, enquanto não chega o último degrau;

- vou aumentando a resistência de outra forma, para além da corrida (e asseguro-vos que ao fim de 2 ou 3 semanas nota-se bem, e o sentimento é exactamente o mesmo do que quando iniciamos a prática de exercício e ultrapassmos a fase das primeiras dores, sentimo-nos os donos do mundo);

- melhoro a técnica da passada, pois tenho que me ir tornando mais eficiente para subir a escada de forma mais fácil.


desvantagens:
- nenhuma :)
o meu querido amigo a. luís desceu comigo ontem ao final do dia, no trabalho.
convenci-o.
não comprou a minha teoria, ia sorrindo enquanto descíamos do 3º piso para o rés do chão.
aí comentou que: "afinal foi depressa e já cá estamos". sob o seu sorriso brincalhão despedimo-nos. pode ser que pegue ...

até agora tudo muito bem, expectativas excedidas com cada degrau em 2009.
ab

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Não sei que título hei-de dar ...

sábado, início da tarde. após o almoço encostei-me no sofá e com as rampas da manhã nas pernas aterrei ... cabecita na almofada, corpo encolhido, fui-me afastando das vozes da família.
bastariam uns minutos e estaria recuperado, pensei. é o melhor sono, o mais retemperador, a seguir à refeição, quando o corpo exige uma sesta. caí que nem um grande calhau.
passado um tempo - nem percebi se muito se pouco - ouvi lá ao longe uma espécie de som, talvez fosse a campaínha. o meu pai chegara para ver os netos - sim, os pais quando nos visitam nesta fase da vida, é para ver os netos :)))
ouvi de novo algumas vozes, mais perto, mas tive muita dificuldade em distinguir quem entrara em casa. todos estavam animados menos eu, sem condições para sequer abrir o olhinho.
o meu pai sentou-se no mesmo sofá onde eu estava todo encolhido. muito a custo, noutra dimensão, percebi que era ele. sugeri-lhe que puxasse uma almofada para se encostar e pedi desculpa por estar a incomodar não me mexendo, mas o que é facto é que assim continuei.
passado um momento, senti a mão e o braço do meu pai pousados na minha perna.

despertei, sereno, repousado, e percebi tudo.
percebi o amor dele por mim, naquele instante.
mais ainda, percebi o apelo do toque físico, a importância e a inevitabilidade de amar tocando.
e percebi que continuo a ser a criança que o meu pai adora.
e que me começa a pedir o toque físico que a "velhice" merece e pela qual anseia.
ele não fugiu do toque quando percebeu que eu o sentira. seria talvez expectável num homem que é o produto de uma geração ensinada, a esconder, e a esconder-se, dos sentimentos.
eu não fiz qualquer esforço para afastar aquele momento.

sou um ser físico (signo peixes, água, talvez por aí ...).
preciso de tocar e ser tocado (os meus filhos sofrem com os meus acessos de carinho :-), com os autênticos mega abraços que lhes dou, com as festas e as brincadeiras, sou um grande chato muitas vezes), não tenho qualquer problema em trocar "toques" com as pessoas de quem gosto.

e quero ser sempre a criança a quem o meu pai afaga. cá estarei para o inverso, que neste ciclo da vida começa a ser uma realidade necessária. cá estarei para fisicamente lhe dar o meu amor. e no sábado percebemos isso, os dois. em simultâneo e em sintonia.
porque acredito piamente que o amor é antes de mais físico, que sem a manifestção da dimensão física não há sobrevivência possível no amor. o toque, o toque, eis o elemento fundamental.

amo-te pai.
e vou tocar-te durante muitos mais anos.
porque no sábado vivi (vivemos) um momento único e estou-te eternamente grato por aquele instante.

ab

p.s. - este post é muita maricas, mas paciência.
na falta da carta de amor (esta coisa de machos a escrever cartas de amor a machos, ainda mais aos pais, que são os machos antes dos machitos ... é mais difícil), o tartaruga vai desfrutando a vida de forma serena e vagarosa, apreciando o caminho.
e este é o relato daquele que foi um autêntico momento único da vida de um tartaruga, a apreciar com calma o amor. e a fazer por merecê-lo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

X Grande Prémio do Atlântico

fonte: http://www.ammamagazine.com/Fotos/20090208-vr/photos/IMG_0992.html

(eu de camisola vermelha - dorsal 1234 :). o ricardo de sweat verde, o a. luís de azul, o álvaro encoberto)

uma bela manhã.
rumo à caparica, o tejo parecia uma piscina.
os silos da trafaria e de porto brandão
vigiavam um cargueiro no meio do rio, que o céu cinzento cobria. passada a ponte foi tempo de verificar o preço do gasóleo na bomba da bp (a dos descontos ao fim de semana :) e constatar a escalada da construção, do lado esquerdo, mesmo antes do cruzamento dos capuchos. nos semáforos da costa foi virar à esquerda e procurar o ajuntamento. assim que virei numa rua mais adiante vi o tiago (o jovem das ultras). parei e recolhi informações. deixei o carro numa rua ao acaso e, por puro acaso e sorte, muito próxima da zona da partida e da chegada. ao dobrar da esquina a surpresa – encontro o nuno, a. luís, ricardo e álvaro. combinado não conseguiríamos melhor. haviam deixado o carro na mesma rua, uns lugares mais adiante. levantado o dorsal, fomos os cinco dar uma volta aos quarteirões. a habitual agitação com centenas de atletas já a aquecer, outros a “correr” para a zona de entrega dos dorsais, outros ainda dando informações por telemóvel num tom de voz que faria inveja a qualquer instrutor da recruta. só não saberia o trajecto para chegar à corrida quem não estivesse atento.
daí a nada rumámos aos carros, para equipar e iniciar o aquecimento. a vista da rua dava directamente para a encosta dos capuchos. pura beleza.


fonte: www.fotos.ondalivre.com


ainda se consegue avistar o verde selvagem, das varandas, por entre a roupa estendida. nos seus roupões, homens e mulheres começavam também a aparecer às janelas, ora para fumar, ora para espreitar o dia.
o aquecimento é sempre um momento ímpar, rico em encontros e cumprimentos. e ficamos a saber coisas novas a respeito de pessoas que normalmente encontramos noutros contextos. o hugo colega de profissão, o josé manuel aires a aquecer para sevilha, o antónio almeida com quem tive o prazer de prosar uns momentos, o decano arons de carvalho, e mais um dos companheiros do jamor, lá nos íamos cruzando e galhofando. na zona da partida ainda tempo para a chegada do carlos, luís e pedro. numa varanda dois posters gigantes de jogadores do sporting. o núcleo sportinguista da costa de caparica a dar cartas. o sol ia despontando envergonhadamente. a temperatura era a ideal para uma corrida deste género. frio qb, como gosto.
dada a partida a estratégia era seguir o ritmo do álvaro e do Ricardo, e depois logo se via. o a. luís “passeava” connosco, dando mais uma vez provas do seu cavalheirismo e amizade. até aos três quilómetros tudo normal, ritmo agradável, velocidade de cruzeiro. sentia o treino de ontem mais no cardio do que nas pernas. as subidas e descidas das ultimas semanas vão dando frutos positivos. a partir daí começámos a cruzar-nos com o pelotão e a acenar à malta conhecida. aos quatro quilómetros e aproveitando a ligeira descida deu para aumentar um pouco o ritmo. entre os cinco e os seis senti-me bem e fui andando. descolei um pouco do pessoal e segui. o sol apareceu e o vento batia agora de frente, mas era agradável, quando entrámos na zona de calçada. ainda foram uns metros valentes de stresse, pois não gosto de correr nesse piso e tenho sempre algum receio de torcer os pezinhos.





já de volta à zona da marginal da costa, o restaurante do conhecido benfiquista, o “barbas” – podiam era ter escolhido outra cor, aquele cor de rosa não lembra nem ao menino jesus – a lembrar talvez um certo equipamento secundário do glorioso, de há dois anos.

fonte: www.home.iscte.pt


na marginal e sentindo-me muito bem logo após os sete quilómetros, aproveitei a subida para acelerar um pouco. esta corrida foi toda ela um excelente “tempo run” para os quilómetros que terei de fazer brevemente. antes dos oito quilómetros o a. luís apanhou-me e fresco, frsquinho lá me foi fazendo companhia. já tinha saudades de uma corrida com este amigo e companheiro dos puros, dos que valem mesmo a pena. já vão existindo poucos como ele.
a marginal era toda ela obras.

fonte: www.travel-in-portugal.com



para além das reparações nos estragos provocados pelas inundações recentes e pelo inverno rigoroso, as eleições autárquicas em outubro também merecem e motivam algum empenho. a bem da população e dos veraneantes claro está!
rapidamente chegámos ao quilómetro nove e aí ainda acelerámos um pouco. algo que me irrita mesmo é a malta do corta mato e dos atalhos. seguimos sempre pela estrada, mas há aqueles que se enganam a si próprios e que insistem em atalhar umas boas centenas de metros ao longo de toda a prova. nas últimas curvas o incitamento popular e o sprint para a chegada abaixo dos 50 minutos. oficialmente 49m57s, no meu relógio, 49m27s. uma excelente corrida; com pouco mais de 1 mês de treino, as pernas começam a estar mais à vontade.
na zona da chegada era hora de tirar o chip, comentar a prova com o nuno, carlos, a. luís, falar um pouco com o pedro e com o luis. pouco depois o álvaro e o ricardo cortavam a meta e lá fomos entregar o chip e beber a garrafa de água. rumo ao carro ainda tempo para ver a ana p. a terminar a sua prova com a consequente troca de cumprimentos e sorrisos. mais uma ana, a coisa compõe-se!
as despedidas da malta junto aos carros, uma última vista para a zona dos capuchos e para a vegetação ainda poupada (até quando???). era tempo de fechar a prova e rumar ao duche.
valeu. obrigado caparica. foi a minha terceira participação, depois de 2006 e 2007. a prova mantém-se agradável, apesar do percalço deste ano pela falta de 100 metros.
pessoalmente tive mais uma prova de que quando não esperamos muito das provas, temos surpresas agradáveis, como foi a de hoje. deixar ir e desfrutar é cada vez mais o segredo para valer a pena. depois durante a prova logo se vê!
até para o ano , grande prémio do atlântico e, até breve, corrida!
ab

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A gazela e o tartaruga

hoje só não me esqueci da cabeça e das pernocas.
levei o rodrigo ao treino de canoagem e o plano de treinos - improvisado - para hoje pressupunha fazer rampas. era uma questão de escolha, no jamor há várias alternativas.
aí chegado percebi que me havia esquecido do relógio, da fita cardio, e da camisola para a muda, no final. nada impeditivo para avançar.

cerca de dez minutos de aquecimento e optei pela rampa em trilho - recentemente arranjado e agradável, fofinha e moldada pela chuva recente - que liga a pista 2 ao estádio principal. íngreme e extensa. com a vantagem de estar sem relógio e sem cardio, não havia razão para receios, nem para me assustar :)

imaginei 1o repetições. ao fim da primeira percebi que a tarefa seria dura. mas lá continuei. pela terceira cruzo-me com uma atleta - das verdadeiras - fita na cabeça, muito magra, africana.

percebi, passado um momento, que também estava a fazer o mesmo tipo de treino. continuámos e às tantas parti um pouco antes dela. quando passou por mim tive a sensação de ter uma gazela, levezinha, elegante, cheia de classe, a voar a baixa altitude, ao meu lado.
nas duas vezes seguintes sucedeu o mesmo.
quando me faltavam duas repetições, desejou-me força. despedimo-nos, seguiu no seu passo maravilhoso e ali permaneci até completar a décima repetição.

completamente partido terminei e ainda tive tempo para me cruzar com o campeão veterano armando aldegalega e com um dos nomes fortes da corrida em portugal, o paulo guerra.

belo treino, a gazela ajudou-me na motivação para terminar e mostrou-me como é mais fácil :)))

amanhã há grande prémio do atlântico.
ab

Haruki Murakami

do livro "dança, dança, dança":

"à nossa frente, seguia um camião que transportava porcos. por entre as frestas das tábuas de madeira, os seus olhinhos vermelhos não nos largavam de vista. será que os porcos conseguem distinguir um maserati de um subaru?"

"em todo o caso, estava morto. quando se morre, não há mais nada a perder. é essa a única vantagem da morte."

"a verdade é que passaram dez minutos e ela nada, sem reagir, fosse porque estava demasiado concentrada ou pura e simplesmente distraída. a passagem do tempo não parecia incluir-se entre os elementos fundamentais da sua vida."

bfs
ab

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O nascer de mais um dia

ainda noite. seis da manhã. gorro e luvas, equipamento a preceito. escadas descidas, ligeiro aquecimento no hall do prédio. na rua estava frio e chovia bastante.
iniciei o treino e decidi seguir o trajecto urbano, dentro de linda-a-velha. poucos carros, o ar ainda respirável. um cão a passear o dono, os trabalhadores da noite, os que dão vida ao pão, enquanto dormimos.
nas paragens do autocarro os trabalhadores madrugadores a caminho de mais um dia de labuta. quem sabe, a muitos quilómetros de distância.
na rua algumas caras conhecidas dos dias em que treino a estas horas.
adoro cumprimentar as pessoas, provocar o bom dia, ouvir a sua voz. talvez seja por não esperarem um cumprimento vindo dum lunático que corre, quando todos desejavam estar mais uns minutos a dormir - ficam desconcertadas, mas globalmente quase todas retribuem.
gratificante.
por entre poças de água e uma grande molha, cuja água sabia a mel nos lábios, passei o hotel solplay e no alto de santa catarina virei com vinte e quatro minutos.
no retorno já havia mais movimento. a chuva parara. o prazer continuou o mesmo.
de repente o dia começou a espreguiçar e a clarear.
foi mais um amanhecer. que prazer, que fortuna a de poder assistir ao nascer do dia.
ainda mais a correr.
como se explica esta sensação, horas mais tarde no trabalho?
não se explica. só experimentando.
é que não há nada como assistir a um nascimento.
terminei com quarenta e seis minutos e trinta segundos. 2ª parte mais rápida. suadinho. completo.
ab

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Um Pai Águia de Ouro do SL Benfica


há pouco falei com o meu pai. liguei para saber se estava tudo bem.
que sim senhor! e deu-me uma fabulosa novidade:
no dia 21 vai receber a águia de ouro do sport lisboa e benfica: 50 anos de sócio.
que orgulho!
independentemente das cores clubísticas, acho fascinante quando alguém mantém um compromisso, seja qual for, durante 50 anos.
parece que quase já não se usa.

e a família lá estará, orgulhosa, para celebrar esse momento.
assim como os meus filhotes e o meu sobrinho mais velho já estiveram presentes quando eu e o meu mano fomos receber as águias de prata, de 25 anos de sócio, desta feita provavelmente lá estaremos, os 4 netos e o resto da malta.

e depois será motivo para uma grande almoçarada.

parabéns velhote. e obrigado por também termos partilhado tantos e tão bons momentos, nesta vertente das nossas vidas. e lá nos encontraremos, com o maior dos orgulhos.

ab

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

1º Trail - 1ª prova nos 40

pois é, já estamos inscritos.
vamos à aventura. serão 28 km - aqui. no final de março.

depois teremos uma cereja, ou melhor, algo mais substancial, no topo do bolo.

será a minha 1ª prova em trilhos, e a 1ª prova depois dos 40.
fantástico. estou ao rubro. vai ser muito divertido.
até lá continuo no sobe e desce nos treinos.
hoje foram 50 minutos, ao final da tarde. um belíssimo treino.
a chuva a determinada altura era tanta que parecia um ataque de pregos na careca.

mas com a vontade e um objectivo que se confunde com diversão, é mais fácil.

ab

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Uma pérola: Manuel Bandeira

uma amiga, a m., brasileira, regressou de férias com um presente.
especial.
um livro de bolso: bandeira de bolso, uma colectânea de poesia de manuel bandeira.
obrigado m.
que presente tão bonito. adorei!
ab

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pneumotórax

febre, hemoptise, dispnéia e suores nocturnos.
a vida inteira que podia ter sido e não foi.
tosse, tosse, tosse.

mandou chamar o médico:
- diga trinta e três.
- trinta e três ... trinta e três ... trinta e três ...
- respire.
o senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- então doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- não. a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

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andorinha

andorinha lá fora está dizendo:
- "passei o dia à toa, à toa!"

andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
passei a vida à toa, à toa ...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Purificar em 2 horas

domingo de manhã. o andré em plena recuperação, já mais animado.
chuva e vento. uma manhã agreste.
todos os planos começaram a sair furados. mensagem sms: o treino de kayak polo do rodrigo foi adiado. havia previsto correr em simultâneo.
no eurosport mais um épico, nadal vs federer. iria durar. as hostes estavam calmas. restava-me treinar. tinha algum tempo.

foram 2 horas. o plano era simples: sair de casa, descer ao mercado de algés, subir a avenida vasco da gama, passar o centro helen keller e o cif e dar uma volta em monsanto. depois, viragem com 1 hora e regresso.

assim que saí do prédio apercebi-me de que a chuva não tinha ajudado a diminuir o frio. pelo contrário. comecei logo molhado. com 2 minutos de corrida, e como chovia a bom chover, estava ensopado. na avenida dos bombeiros corria um verdadeiro rio - conduta rebentada. os ténis estavam lavadinhos, com tanta água. chegado a algés iniciei a subida.
a avenida das embaixadas. sempre curioso ia olhando. uma após outra ia tentando descobrir as bandeiras e ler qual era a embaixada respectiva. grandes vivendaças, é o que é. só a manutenção mensal deve dar para equipas uma equipa inteira durante uns tempos.

foi sempre a subir até às torres do restelo. o chão tinha ramos partidos, pinhas, folhas. ainda não havia muitos carros. chegado ao topo ainda mais uma subida, a do helen keller e do cif. mas naquela altura já subia como quem desce. o cardio estava bom, para tanto tempo a subir em contínuo.

mais à frente comecei a respirar a frescura do verde de monsanto. belo!


finalmente, na alameda keil do amaral entrei nos trilhos. estava perigoso, pois patinava imenso. descia com cuidado, literalmente a escorregar. subia tentando colocar os pés bem assentes em pequenas pedras. um espectáculo. abandonei-me ao delírio de pisar tudo quanto era poça, lama, água. sujo mas feliz como uma criança encharcada que brinca na rua como se fosse a última tarde de brincadeira.
perto do anfiteatro 2 cães junto do dono ainda me ladraram. o dono lá chamou o "rafa", um deles. o cardio subiu um pouco mas segui sem nenhuma mordidela :)
o ambiente era magnífico. muito pouca gente se aventurou àquela hora, a apanhar uma molha. com 1 hora de corrida virei. novamente no anfiteatro e sem cães à vista, tempo para desfrutar da excelente vista. a partir desta altura foi sempre a descer até algés.

fonte: www.webserver.cm-lisboa.pt

nas bombas da bp do restelo uma curiosidade: numa pequena zona descampada vários veículos apresentavam o número de telefone do dono, para venda. um stand informal que deve gerar alguns adeptos, pois pelo menos um senhor lá estava a espreitar para uma das carrinhas.
novamente as embaixadas. agora já com mais carros a circular e um pouco mais de fumarada. mas valeu a vista sobre o tejo. do cimo da avenida é de uma beleza tentadora.
em algés ao entrar na avenida dos bombeiros, grande aparato de bombeiros e polícia. não percebi e segui de frente para os carros. um bombeiro apontava para mim e gesticulou olhando para cima. só então percebi que estava em zona proíbida, vedada pela polícia, porque no 6º andar de um prédio o vento tinha literalmente rebentado com a marquise. os destroços estavam no chão. olhei também para cima e intuitivamente acelerei para sair dali. os estragos eram muitos, sabia lá o que podia ainda sair pela janela ... infelizmente muito estrago.
a última subida, a do dolce vita até cá acima, à praceta.
fim. ... do treino, com os alongamentos da praxe, pernas doridas, mas alma rejuvenescida.
entro em casa e os meus filhos dizem-me que a final do open da australia ainda durava. pelo meio dos desenhos animados e dos seus jogos de cartas lá iam espreitando.
valeu. os ténis estavam cheios de lama, erva, encharcados, até pequenos ramos tinham "colados"
estavam lindos, apetecíveis. o resultado de um treino que me lavou por inteiro.
ab