quarta-feira, 11 de abril de 2007

Atletas de pelotão e produtividade

há um facto interessante em portugal: a elevada (no meu entender) participação de atletas nas provas domingueiras. refiro-me a provas entre 5 e 15 km. com um pouco de vontade podemos considerar que nas meias maratonas também existe um número agradável de participantes.
ora, para quem anda nestas andanças é claro que, com as excepções (por opção ou muitas vezes conjunturais) de atletas que “treinam” nas provas, a maioria desta malta esgalha bem durante a semana.
eu próprio treino em média 3x por semana (e também por isso não alimento grandes sonhos ;-), o que me exige um esforço significativo de planeamento, concertação de agendas, disciplina para organizar o tempo entre as 2 crianças, a namorada, o trabalho, o resto da família, os outros prazeres e todas as formas de ocupar os tempos livres.
todo esta prosa introdutória para reflectir sobre a tão falada baixa produtividade no nosso país. se quem corre consegue, individualmente, organizar-se e gerir bem os “projectos” e objectivos das suas corridas, porque não o fazemos colectivamente?
no meu entender por 2 razões:
- porque faltam competências gestionárias e de organização (um problema sobretudo de forma de estar)
- mais importante, porque nas corridas cada um consegue ir buscar a motivação lá bem ao fundo e focalizar-se em objectivos que lhe dizem tudo, que empolgam, que são estabelecidos voluntariamente e com empenho total.

não há nenhuma organização (ok … existirão muito poucas) que consiga gerar esta motivação em alguém, esta vontade, o acreditar realmente em algo.
somos afortunados por ter descoberto uma - espero que entre outras - vertente das nossas vidas onde nos realizamos. é por amor à causa que corremos, porque acreditamos nesta causa e porque ela nos faz sentir bem, nos dá prazer e um sentido.
a nossa produtividade na corrida é muito elevada.
oxalá as organizações e quem tem responsabilidades gestionárias no país (em sentido lato) pudessem olhar para estes bons exemplos do desporto e de outras actividades da sociedade, para perceber que muito além do dinheiro, a verdadeira fonte de motivação não se paga.

abraço a todos
ab

2 comentários:

Anónimo disse...

A falta de produtividade dos portugueses é um tema bem interessanete, que por si só valeria um blog.

Como em tudo, haverá várias razões justificativas. No entanto, todas incomparavelmente menos importantes que a liderança. Seja de um grupo, de uma equipa, de organização, de um governo - o(s) líder(es) faz(em) toda a diferença.

Exemplos não faltam para demonstrar este facto, a começar na produtividade dos portugueses a trabalhar no estrangeiro, passando pela dos portugueses a trabalhar em empresas sedeadas cá no burgo, mas geridas por estrangeiros, terminando (vá lá, um bocadinho de polémica para animar) no "special one", vulgo Mourinho para os portugas. Sim, porque aos meus olhos a arrogância de que tanto se fala é só mais um instrumento da estratégia definida para atingir os objectivos da sua organização, unindo e motivando os recursos da sua equipa.

É por isso, que um líder que se chefia unicamente a si próprio, como é o teu caso nas corridas, tem boas condições para atingir o (seu) sucesso. Como, até ver, me parece ser o caso. Ainda não pensas em chicotadas psicológicas , pois não?

Abraço
HT

António Bento disse...

bem vindo amigo. concordo com uma parte. falta a outra. não há produtividade sem empenho individual e a peça que falta na tua equação parece-me ser a própria pessoa. o exemplo são os grandes líderes que tantas vezes na sua vida foram tb eles produtivos quando liderados por outros menos "líderes". falo de empenho pessoal, brio, empreendedorismo, auto-motivação, da dimensão individual da coisa, pois um líder só contribui para a produtividade se tiver uma equipa que não coloque o ónus sempre nas suas costas.
chicotadas psicológicas??? nããã! sou muito bem pago e motivado nesta equipa. ;-)
abraço grande
ab