quarta-feira, 26 de março de 2008

Interesses enraízados de vida

o que suceceria a cada um de nós, e numa visão mais ampla, ao nosso contributo para a sociedade, se a energia que canalizamos para os "pequenos" prazeres, pudesse ser aproveitada a 100%, profissionalmente (há uma outra pergunta: e se o profissional fosse tão prazeirento que se tornava pessoal, como parte dos sorrisos do quotidiano)?
quantos de nós já pensaram, efectivamente, naquilo que querem fazer na vida, nas suas aspirações intímas, as que vêm inteiras do fundo das entranhas?
a pergunta é sempre a mesma: o que queremos fazer quando formos grandes?
é que de facto nunca somos suficientemente grandes ... e ainda bem, pois há sempre um novo caminho por palmilhar.
a busca reside, deve e tem que residir, em direccção àquilo que mais gostamos de fazer e que nos dá prazer. e que muda durante a caminhada.
este post vem numa fase de grandes dúvidas profissionais.
dúvidas respeitantes, não apenas a trabalhar na organização X, na carreira Y, mas com um carácter mais profundo.
chamam-se interesses enraízados de vida, ou numa dimensão mais chegada à psicologia das organizações: âncoras de carreira.
afinal, onde, quando e de que forma, desejo contribuir com a minha capacidade, experiência - profissional e pessoal -, skill, auto-motivação, para o desenvolvimento, individual e colectivo?

onde desejo aplicar com maior intensidade a capacidade que me permite, por exemplo, correr maratonas, passar pelo processo inteiro de treino, cumprir o plano de treinos, de madrugada ou com a noite cerrada, faça sol ou chuva, frio ou calor?
que me possibilita e impele a fazer um treino de 35 km sozinho, entregue apenas à capacidade de superação e de tornar algo fisicamente penoso em prazer, a ponto de terminar com um largo sorriso?
feliz do profissional, da organização, do projecto ou da iniciativa que possa contar com profissionais com este indíce de motivação.
quantos de nós ja a sentiram no dia-a-dia? ou a procuraram no dia-a-dia?
ou ainda, que fazem dessa procura uma forma de estar na vida?
essa espécie de "transe" ou estado de "fluxo", em que levitamos a fazer algo que nos dá um prazer supremo. já o senti, em contextos diferentes, noutras e nesta mesma organização. quero voltar a senti-lo - mas é necessário investir, caminhar, não desistir.
vou percorrer esse caminho. escolho muitas vezes o caminho mais difícil. já o escrevi aqui: tenho sempre a coragem de dizer não, quando o não vem cá bem de dentro!
e dizer não é difícil. mas tenho uma certeza: não desistirei de procurar.
ítaca vale pela aventura. há um sim à minha espera.
e porque não? tudo é possível, está à mão, apenas é necessário dar o passo.
o medo do insucesso? é gerível: não houve já 2 maratonas que correram menos bem? onde as expectativas iniciais foram "furadas"?
não serviram de grande aprendizagem? aconteceu alguma coisa de transcendental?
ou o resultado vai ser, com calma e tartarugando de há uns meses para cá, uma bela maratona como a que espero fazer brevemente, no dia 12 de abril?

abraço
ab

5 comentários:

Unknown disse...

Bento,
Gostei muito do que li. Identifico-me imenso com as tuas palavras pois revelam muitas das minhas dúvidas e incertezas que como um YôYô me assaltam frequentemente.
Também sei que tens uma têmpera de “maratonista” que se caracteriza, entre outras coisas, por uma capacidade infindável de ultrapassar todos obstáculos com o objectivo de chegar a um fim. Por vezes temos que lutar sozinhos (mas é isso que fazemos quase todos dias quando palmilhamos o nosso asfalto) mas chegamos sempre ao fim e sempre à nossa espera está um rosto ou uma mão amiga que nos ajuda a fazer os últimos metros.
Um abraço amigo.

Anónimo disse...

Amigão

Isto tem a ver com a nossa conversinha de ontem .... aí tem, tem.
Sei tão bem o que te vai na alma ... mal de quem nunca sentido este estado de espírito.
Gostei tanto do nosso reencontro de ontem. Não podemos estar tanto tempo sem nos “vermos”. És mesmo boa gente; gosto bué de ti.
Bjs, lena

Luis Correia disse...

caro tartarugo,

o certo é que só a nossa força pessoal consegui contrariar o rumo (errado) que a sociedade nos impõe.

o empenho como maratonista serve certamente para demonstrar a muitos que a motivação de fazer algo realmente diferente está dentro de cada um de nós.

o ambiente profissional raramente é apetecível e satisfatório. se muitas vezes o desafio está presente e é aliciante, sabemos que para o conseguirmos levar a bom porto temos que nos preparar como se fossemos escalar o Everest. e é nessa perspectiva que os projectos morrem logo à partida, pois ninguem tem a verdadeira vontade de escalar montanhas, principalmente quando o retorno é nulo.

mas vamos por aqui andando :)

Nuno disse...

Identifico-me com o que escreveu, quer no trabalho quer no desporto(hobbie), é necessário a motivação, acima de tudo. Se a nossa motivação fosse transmitida a todos os profissionais, independentemente do ramo, Portugal certamente estaria melhor. Esperemos que no dia 12 Abril o objectivo pessoal seja conseguido, acima de tudo, terminar com sorriso nos lábios.
Um abraço até dia 12

Fátima Lopes disse...

Olá Bento,

Tenho andado afastada da blogoesfera, regressei hoje. Ao ler este teu post nem imaginas (ou talvez sim)o quanto me identifico com o que escreves. O nosso trabalho deveria ser um prolongamento de nós próprios, algo que nos complementasse como seres humanos e não algo que nos sugue a alma até ao tutano como acontesse com a maioria de nós. Há tanta coisa, verdadeiramente importante, para ser feita neste mundo, e tanto potencial humano para o concretizar, e no entanto, passamos grande parte do nosso tempo a "inventar" trabalho tantas vezes inutil e tantas vezes deitado ao lixo. Isto faz-me sempre lembrar uns desenhos animados que se chamavam "os fazedores". Eles estavam constantemente ocupados a construir estruturas feitas de açucar cristalizado e constantemente a destruir a própria obra porque a iam comendo. Nunca faltava trabalho, mas nunca estava nada feito.

Há que procurar o caminho cujo eco ressoe no nosso coração, não duvides. ;)

Um grande Beijinho