domingo, 7 de março de 2010

25 (1ºs Trilhos de Almourol - Odisseia Dura e Bela)

bati o meu anterior recorde de permanência em prova: 5h53m, para 38 km oficiais de prova.
:-)

parabéns à organização, ao clac, ao brito, otília e equipa, pelo esforço e pela organização de um evento desta natureza. para uma 1ª edição considero que esteve muito bem. mas ... entre os 33,5km e os 38 km, nunca mais passavam os quilómetros … :)

abastecimentos muitas estrelas, pessoal da organização super simpático e motivador.
a corrida é excelente, com vistas verdadeiramente paradisíacas. o percurso foi duro, muito duro. pensava que há 8 dias tínhamos ficado vacinados para as subidas, mas enganei-me. a dureza de alguns paredões foi algo inesperada para mim. mas lá se fizeram.
obrigado mestre nuno k, o grande mentor da minha entrada nos trails há quase 1 ano e que é sempre uma companhia de excepção, um amigo com que gosto de estar.

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o levantamento dos dorsais foi feito no sábado à noite, pacífico, não estava quase ninguém na tenda, e ainda estivemos um bocado à conversa com o brito e otília. saí animado pois parecia que o percurso seria mais para o plano. wrong!!! :)

a minha maior preocupação eram as dificuldades respiratórias, durante a semana tive uma inflamação aguda na garganta, que rapidamente desembocou num entupimento geral das vias respiratórias superiores. ainda ponderei se havia de realizar a corrida ou não, mas decidi arriscar. logo se veria.

o trajecto de autocarro para a aldeia dos matos foi excelente, com muito boa disposição, sobretudo por causa do zé pereira e do paulo mota das lebres. as caras conhecidas logo ali, do costume: célia, cecílcia, zé pereira, dina e paulo mota, o sousa, mayer, analice, tiago, e alguns outros.
chegados à zona da partida algumas fotos e um cumprimento especial à família almeida. foi também um prazer rever o amigo adelino, conhecer o vítor veloso e cumprimentar o pessoal do mundo da corrida.

alguns companheiros ficavam admirados por ser eu, o tal, o tartaruga, algo que achei piada e que me motiva naturalmente a ir continuando a escrevinhar umas coisas. bem hajam e obrigado!

dada a partida segui na defensiva por causa das mazelas respiratórias. até aos 10 km segui com a célia e com o sousa, mas fui deixando o passo ficar mais para trás. as vistas da barragem eram maravilhosas. algures nos 8 km, após o 1º abastecimento o mayer raposo caiu e tentei ajudar e ver se estava magoado. lá seguiu com umas feridas, mas “inteiro”. logo a seguir fui eu que caí numa das pedras muito escorregadias junto à barragem. o osso ilíaco e o cóccix iam ficando em castelo de bode :)

no 2º abastecimento aos 14,5 km as pernas iam pesando. já tinha a companhia da cecília, que foi uma autêntica pérola, pois seguiu sempre comigo até ao fim, motivando e dando ânimo.
por essa altura íamos alternando posições com o moutinho, o lendário trailer. aprendi mais em 10m de conversa do que nos trilhos todos que já fiz. e fiquei “aterrado” com a forma como ele faz as ditas descidas técnicas. o homem embala e ninguém o pára. estava apenas a treinar para o desafio das 100 milhas do país basco! admirável.

por volta dos 18 km o carlos coelho, vizinho de linda a velha, cumprimenta-me e fico a saber que há mais um companheiro que conhece o tartaruga. já ia com algumas cãibras e espero, amigo coelho, que tenha corrido bem a prova. ainda não vi as classificações, mas espero mesmo que tenha ultrapassado as dificuldades.

pelos 19,5 km o 3º abastecimento. ia já cansado, com as pernas pesadas e a ver a minha vida andar para trás com metade do caminho até à meta. comi bem, o abastecimento foi um espectáculo, a vila de constância deliciava-nos os olhos e a alma. lá seguimos e mal sabíamos que
a 2ª metade seria tão dura que duraria mais 3h e 10m, contra 2h 40m da 1ª metade.

passado um pouco perdi definitivamente o amigo adelino que ia a par connosco.
as subidas e decidas iam-se sucedendo e as pernas ia resistindo, melhor do que esperaria, pois desta feita não houve esboço de cãibras.

aos 27,5km o 4º abastecimento, altamente motivador e que me renovou, com aquele marmelada e a boa disposição do moutinho. ali seguiam também a eliana e o hélder, com quem viríamos a terminar, depois de terem descolado durante uns quilómetros e de se terem perdido mais à frente de nós. parede atrás de parede, ainda nos perdêramos, antes na zona da estação de almourol, coisa de 5 minutos para voltar a encontrar as fitas – o percurso estava bem sinalizado, atenção!

íamos com um grupo de malta próxima e recuperávamos alguma distância nas subidas. com um subida muito dura, lembrando o monge, chegámos aos pretensos 33,5km.

boa disposição, obrigado otília pela força. bolachinha, biscoito, água e lá seguimos muito motivados, para uns últimos 4 km e meio. com mais uma paredes e um enterranço quase até ao joelho, de lama, com os 2 pés, as dificuldades aumentavam. mas a motivação era muita. mais à frente, na igreja informaram-nos que faltavam ainda 2,5 km. banho de água fria, pois contávamos com menos de 1 km e as pernas já pesava.

curiosamente o cardio ia mais baixo, desde as 3h, tal como na semana passada. há um momento em que a máquina manda, segue em ritmo próprio e a cabeça “apenas” tem que aguentar as dores nas pernas.

lá fomos até ao fim agora junto da eliana e do hélder do mundo da corrida. ora a trotar, ora a caminhar, chegámos ao parque do bonito e passámos aquele riacho maravilhoso, de água gelada, que para além de lavar os ténis e a disposição, anunciava que estávamos muto perto. a 500m da meta um telefonema da cristina para saber como tinha corrida. já era tarde para as previsões iniciais :) mas ainda não seria desta que ficaria viúva, afiancei-lhe ...

já a ouvir as vozes na meta, demos uma última corrida vitoriosa.

foi maravilhoso cortar aquela meta. superei um desafio enorme, numa semana turbulenta e com algum receio pelas mazelas. ainda não tinha naturalmente recuperado de sicó e esse efeito fez-se sentir.

a prova é muito bonita, recomenda-se, mas terei que a voltar a fazer mais descansado e menos constipado. parabéns mais uma vez a toda a organização, aos companheiros que ousaram enfrentar este desafio. a dureza também foi condicionada pelo meu cansaço e pouco tempo de recuperação da semana anterior. mas valeu tudo.

estou muito feliz com esta corrida e com a forma como consigo “andar” :)

voltarei com mais posts, fotos, e alguns pontos de vista sobre a aventura nestes trilhos.

mais um obrigado ao nuno k pelo fim de semana, e à cecília e à eliana, hélder e moutinho, pela companhia a partir dos 10 km.

um abraço
até breve e boas recuperações!
ab - tartaruga

11 comentários:

Outwit the devil rushed! disse...

"Grande" corrida Caro Bento...

Parabéns pelos feitos.

Abraço,

Rui

Carlos Trindade disse...

És o maior!! :-)

Grande abraço
Carlos T

BritoRunner disse...

Parabéns "Tartaruga"

Obrigado pela tua presença e pelas palavras motivadoras.

Boa Recuperação
JBrito

Anónimo disse...

Olá amigo
parabéns, pelo que ouvi a prova foi mesmo dura em comparação com outras, o percurso é muito bonito sem dúvida nenhuma.
Foi um prazer rever-te e ter-te como companheiro de jornada.
Mais uma vez os meus parabéns.
Grande abraço,
António Almeida

Ricardo Baptista disse...

Olá António,
São estas provas que ficam perpétuadas na mente e no espírito.
Parabéns pela prova e pelo relato.

Carlos Pinto-Coelho disse...

Olá amigo tartaruga,

Foi um espectáculo lá isso foi e cheguei ao fim apesar daquelas câimbras todas. Bela prova a tua e já pensas na próxima? :))) Acho que 1º vais descansar né?
O teu vizinho
Carlos Coelho

Vitor disse...

Amigo Bento
Foi um prazer o conhecer por passar do "virtual" para o "físico". Na minha opinião foi uma prova durinha, eu também fui com os "calções" ao “chão” na zona sobe e desce da barragem, pedras muito escorregadias.
Parabéns pela prova
Boa recuperação!!
Grande Abraço
Vítor Veloso

joaquim adelino disse...

Olá amigo Bento
Foi de facto uma odisseia, aquilo faz lembrar o dobrar do Cabo das Tormentas, mas só assim é que as coisas ficam na retina; quando se desafia quase ao extremo o limite da resistência; quando depois de passar uma muralha quase de rastos e logo de seguida nos aparece outra e vencêmo-la sem sabermos com que forças; e vamos seguindo até atingirmos o objectivo final, sem vacilar. Que estranha força nos acompanha.
A referência que me faz é muito abonatória mas eu só queria era chegar, nem sonhava o que ainda tinha pela frente.
Espero que recupere bem.
Um abraço.

César disse...

Amigo, muitos parabéns pelo feito!
Abraço,

Pedro Alves disse...

Olá,

No coments... por acaso não queres ir fazer o Paris Brest Paris em 2011 é que precisamos de encontrar jovens motivados para o endurance...

Sim senhor.

Anónimo disse...

Amigo António

Depois desta prova, o que falta ainda experimentar ??
Um abraço
A.Luis