segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Colapsos durante a corrida

a propósito das recentes mortes durante as maratonas de chicago e de nova iorque penso que podemos falar de contextos e causas diferenciadas.
em 1º lugar é importante arrumar conceitos - não devemos colocar no mesmo patamar atletas profissionais face desportistas de pelotão, nem face a pessoas que praticam exercício físico (regular ou menos regularmente).

por partes:
- realizar uma maratona é um risco tremendo e muito incrementado para quem não é atleta profissional, ponto. para os atletas profissionais é um risco tremendo mas inerente à sua profissão.
para além de fazer mal à saúde é sempre necessário ter consciência de que iremos testar limites para os quais deverá ter existido treino específico. caso contrário a saúde fica efectivamente ameaçada. só deve fazer maratonas quem esteja no grupo dos desportistas de pelotão para cima. fazer exercício físico regular não é condição suficiente para tal "proeza".

- praticar exercício físico, moderadamente, faz muito bem à saúde. contudo não deixa também de existir algum risco quando em presença de factores intrínsecos a cada indivíduo (por exemplo: predisposição para uma dada patologia) ou extrínsecos (em situações anormais de elevado calor ou no extremo oposto, de elevado frio). os praticantes regulares de exercício físico estrarão naturalmente mais prevenidos do que os que apenas fazem "de vez em quando". aqui o risco pode ser comparável ao facto de ser fumador ou de beber em excesso, por exemplo. só que praticar exercício físico é um risco moderado que "faz bem".

- no patamar um pouco mais acima consideremos os desportistas de pelotão (este conceito é lato e abrange, quer quem treina regularmente corrida e entra em competições amadoras, quer quem treina regularmente qualquer outro desporto individual ou colectivo e entra em competições igualmente do foro amador). estão a aumentar o seu risco de contrair problemas de saúde, pois a partir do momento em que a fasquia se torna competitiva (começando por sê-lo consigo próprios claro está) o risco aumenta.

- finalmente os atletas profissionais.
esta é uma profissão de alto risco, seja em que desporto for, e não falo apenas do aspecto físico.
o desgate psicológico é imenso e a pressão "somática" é brutalmente incrementada.
quando somos confrontados com as mortes de atletas em situações competitivas, ou de corrida, ou num campo de futebol, ou num jogo de basquete, ou noutra qualquer modalidade, o risco de praticar desporto vem à superfície. todavia também aqui há que ter cautela.
em minha opinião esta profissão é tão perigosa (ok, até pode ser mais!) como ser corrector da bolsa, professor do ensino secundário, médico, gestor, ..., enfim, qualquer uma onde os níveis de stresse sejam elevados e onde haja picos de grande adversidade para o organismo (pode ser pelo excesso de horários, pelo melindre das decisões a tomar, etc.)
em qualquer uma destas profissões de alto risco há sempre a possibilidade de colapso.
no caso dos desportistas, pela maior exposição mediática, este risco é mais visível e mais debatido. todavia ele está no dia-a-dia das profissões mais stressantes: todos ouvimos uma ou mais notícias sobre colapsos cardíacos de A ou B devido a stresse profissional, ou a problemas pessoais, por exemplo.

para finalizar, considero que o importante é não parar de fazer exercício continuadamente e de forma moderada (no limiar mínimo).
a subida aos outros patamares poderá ser feita em função da preparação específica e das motivações de cada um, colocando sempre na balança o risco versus benefício.

nota:
agradeço este post ao rodrigo silva que me pôs a pensar no assunto com o seu post que podem ler aqui.

até breve
ab

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