Invariavelmente pedalo cada vez mais no sentido da linha do Estoril/Cascais.
Não deve ser apenas porque a conheço como a palma da mão,
porque lá cresci e vivi durante 27 anos, porque tem água, praia, pôr do sol e
lua cheia, alvorada e sol quente em dias frios, logo pela manhã.
Não deve ser apenas porque os meus pais, o meu irmão, os
meus amigos de infância moram lá.
Nem deve ser apenas porque tem a Bijou, a boca do inferno, os
passeios marítimos e ciclovias, a vista das mais lindas do mundo, o encanto de
um pequeno paraíso.
Quando quero fazer 100 quilómetros já tenho o percurso
certo, casa, cascais, guincho, cabo da roca, almoçageme, praia grande e volta.
Quando quero fazer 60, siga ao cabo raso e volta.
Quando são 50 e tais, pois também é por ali.
Sozinho ou acompanhado desfruta-se sempre, total e
intensamente da linha.
Talvez seja, só talvez, uma questão de raízes e memórias. Voltar
aos locais onde nos fizemos e que nos ajudaram a fazer, e onde fomos (mais)
felizes do que infelizes tem destas coisas. É um regresso a um habitat, ao país
da infância e da felicidade, da inocência, que nos ajuda (me ajuda) a focar, a
revitalizar, a perceber os caminhos que fiz e escolhi e, de onde parti.
E não se consegue explicar a lua cheia na passada 6ªf de
noite, nem o paredão de cascais apenas para nós, iluminado pelos holofotes e
com o mar a açoitar as rochas e as pedras e a atiçar-nos a sua selvagem força.
Tão pouco se explica o nascer do sol, geralmente em paço D’Arcos pelas 7:30h da
manhã, já com 20 a 30 minutos de pedal e a senhora que tantas vezes lá está a
fazer a saudação ao sol.
Ou ainda a improvável senhora/moça que hoje de manhã, pelas
9 horas na praia da conceição lá estava na areia, de biquini e logo de seguida
na água a banhar-se e a nadar … com muito poucos graus cá fora e certamente lá
dentro, um hino ao controlo do corpo pela mente, certamente.
A linha, esta linha, sempre na minha vida, para sempre nas
minhas memórias.
1 comentário:
É um local fantástico, tanto para se morar como para treinar!
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