... tem mais que fazer?
é interessante verificar três padrões familiares neste contexto dos blogues e das corridas:
- as famílias sempre presentes no mundo da corrida, e que aproveitam o pretexto das corridas para viver mais saudavelmente e visitar conjuntamente novos locais e conhecer novas gentes
- as famílias esporadicamente presentes, que por vezes, e em algumas provas ou eventos com maior impacto para o participante, lá estão a dar uma maõzinha
- as famílias que têm mais do que fazer e por isso deixam o participante entregue a si próprio e ao resto da tribo
a minha enquadra-se entre a nº 2 e a nº 3, com pendor para a nº 3 :)))
não têm lá muita paciência para andar nas corridas, pois têm outras, que lhes são mais queridas e interessantes.
como apologista de que só se vive uma vez e tem que se aproveitar para fazer o que se vai gostando, vergo-me perante tamanha (nem sempre, atenção, tenho que ser justo ;) marginalização da minha actividade de lazer por parte da malta cá de casa. e incentivo-os claro a seguir os seus caminhos.
por vezes torna-se mais difícil compatiblizar os vários hobbies, e não se consegue estar em todo o lado. como vantagem, a troca de experiências é, quem sabe, mais vasta e à mesa ouvimos descriçoes de várias aventuras em contextos diferentes. e aprendemos uns com os outros e uns sobre os hobbies dos outros.
por mim, entretenho-me a contar as aventuras; quando consigo lá os convenço a ir comigo numa ou noutra prova onde tenham um evento de lazer e turístico que possam aproveitar.
mas no final das contas, conta é que o pessoal se sinta bem, com ou sem corrida, com partilha no local das corridas, ou em diferido, com as estórias das corridas.
abraço.
ab - tartaruga
6 comentários:
O meu caso enquadra-se no primeiro ponto.
Se bem que no respeitante à corrida o que designo por “família” é a minha mulher.
Só vou sem ela a uma prova se por questões logísticas se torna de todo impossível! E nesse caso ela protesta e muito.
Por vontade da minha mulher eu estava em provas todas as semas pois ela adora passear! Se o corpo e as finanças aguentassem ate lhe fazia a vontade!
Mas quanto aos treinos já protesta um bocado dizendo que ando sempre a correr (se ela me tivesse conhecido quando eu treinava a sério!...) Lá lhe vou dizendo que para haver provas tem que haver treinos!
Amigo Bento, também o meu caso corresponde aos nºs 2 e 3.
Vou a menos provas do que gostaria de ir e às que vou, só nalgumas tenho companhia.
Felizes são aqueles que têm na família o apoio e o incentivo a participarem nas provas, comungando de um mesmo espírito dirigido a toda a envolvência que assiste à corrida.
Mas a diversidade também enriquece. Só é chato é se eu estiver contrartiado por ter faltado à corrida X e ter de estar a ouvir falar do filme Y, ou da praia Z.
Grande abraço.
FA
António
(tens uma foto da chegada da prova do Entre a Serra e Mar lá no meu Picasa) ao ler este teu tema não deixei de sorrir pois não dás hipóteses a uma outra 4ª situação que é aquela que a família faz tudo para que o corredor deixe de correr e fique à frente da TV com as pantufas calçadas e na engorda.
Refiro esta situação pois passou-se com um amigo meu. Incentivei-o a correr, ele tinha várias maleitas de saúde, ficou bom do "Castrol" e ácido úrico, mas emagreceu. A mulher não gostou pois quando ia à santa terrinha, os familiares diziam que ela andava a tratar mal o marido pois ele coitado estava muito magrinho, e ela não descansou enquanto o marido não desistiu de correr. E ele parvamente fez-lhe a vontade.
As maleitas da saúde vieram, mas estava gordinho, ela já podia morrer em paz.
Durante 20 anos que levo de corrida sempre fui um solitário (com raras excepções). Talvez seja melhor assim.
Abraços
Engraçado, António
Creio que todos nós já pensámos em qual das hipóteses a nossa família, mais ou menos numerosa se enquadra. Muitas vezes, não assume um padrão e oscila entre os vários quadros que descreveste.
Eu, tive a sorte de pertencer à família dos que incentivam a correr e a treinar. (note-se que corro, ou tento há poucos anos. há poucos anos troquei "os saltos altos" pelas sapatilhas, por isso quem me "pôs" a correr também me incentivava e acompanhava) Infelizmente, hoje não tenho família que me acompanhe (o meu filho raramente o faz), mas continuo a sentir que um "incentivo" lá está. Ganhei uma outra família chamada Clube do Sargento da Armada. Quanto às estórias e relatos mais ou menos entusiásticos...bem, massacro as minhas colegas que continuam de saltos altos e cabelo "como deve ser":))
Beijinhos à família:))
Amigo António,
Eu até já reclamei: não me apoias um pouquinho... anda lá ver-me correr.
-eu não te apoio e tu dás a volta à ilha, se te apoiasse...
(ia a nado até à madeira...)
e aquilo é uma seca, tenho de ficar ali à espera que tu acabes.
Pelo menos percebe-me e não me obriga a ficar no sofá. Já não é mau. Mas sinceramente, gostava que ser mais apoiado.
Um abraço.
Ricardo Baptista
Pano para mangas este assunto.
O importante é o respeito e a partilha, não se perdendo a individualidade, com o sério risco da aniquilação do ser, em prol do(s) outro(s), mas sem cair num excesso de individualidade, correndo então o risco de se viver sozinho acompanhado.
Como em tudo, a virtude está no equilíbrio, que sabemos nem sempre ser fácil conseguir.
A Corrida absorve. Muito! Rouba-nos ao conjûge, aos filhos, aos pais, à restante família e corre-se o risco dos amigos serem quase todos (ou todos) do meio, e quando pretendíamos (também) conviver através da corrida, podemos dar por nós a viver numa ilha! Sozinhos!
É um assunto com muito para dizer, e a chamar os papéis da Mulher e do Homem na sociedade, a levar-nos teoricamente a falar de igualdade e a contarmos pelos dedos as Mulheres que correm quando têm uma família não ligada ao meio. Esta é AINDA a realidade. A aceitação delas perante o Amor do Homem à corrida, e a Não aceitação deles (e delas também ou principalmente delas) em relação ao Amor delas à Corrida.
Eu? Como todos, cá vou tentando equilibrar as coisas, raramente é fácil.
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