É isso.
O motivo do relato é a PAIXÃO,
não por uma ou outra atividade, mas por todas, pelo desafio, pela descoberta,
pela mudança, pelo movimento. Pelo autoconhecimento, pela busca da essência, talvez.
Não é exclusivamente uma paixão pela
natação, a primeira grande paixão, que durou da infância até à idade adulta,
praticada a um nível mais a sério e competitivo.
Não é, apenas, pelo basquetebol,
pelo voleibol, pelo futebol, pelo ténis, pelo ténis de mesa, pelo andebol, pelo
skateboard, pela carreirinha em pranchas de esferovite, mais tarde designada de
bodyboard, pelo surf, pelo badminton, pela corrida na provas do liceu, pelo
kayak mais recentemente (e que durou tão pouco, …, pois corpo velho, com
hérnias, não pode aprender certas línguas)…, praticados por gozo
até o corpo deixar de ter centro de gravidade adequado e peso e tonicidade de jovem ou de jovem atleta, para permitir
praticar a maioria desta atividades sem lesões.
Não é somente a paixão fulminante
pela corrida, mais tardia, que chegou e bateu bem forte, a ponto de apenas ter deixado
de correr por motivos de saúde que começaram a condicionar o meu bem-estar e o
apoio que devia dar à rapaziada cá de casa. Ou pela caminhada que me servia
para atenuar a dor na alma quando tinha paragens forçadas por lesão.
Não é, também, uma paixão particular
e ainda mais tardia pelas atuais pedaladas e por montar uma bicicleta e pedalar
muito, para longe, nascida como consequência das mazelas da idade; pedalar em
vários níveis e desníveis, por vezes com as mais adversas condições
atmosféricas.
O movimento, qualquer forma de
movimento, devidamente organizado, é então o que esta paixão tem de essencial,
desde tenra idade, para desfrutar plenamente do caminho.
Em qualquer das atividades que referi
existe um traço que tornei comum: praticá-las significava gastar tempo, tentar
evoluir, conhecer o patamar seguinte, aprimorar a técnica, estudar como poderia
melhorar, melhorar, melhorar sempre, a técnica e o gozo por praticá-las.
Independentemente de qual fosse, qualquer uma, foi sempre uma necessidade
manter a prática, manter-me em movimento.
No caso da corrida e da bicicleta
significou levar o corpo, e sobretudo a mente, a desafiar limites que julgava tão
inalcançáveis quanto distantes. Significou arranjar a força e a disciplina, a
perseverança, para terminar qualquer corrida nunca antes corrida, ou pedalar
para muito longe, bem longe do que havia alguma vez acreditado. E sempre que
terminava (que termino) cada um dos desafios resultante das novas formas de
movimento, apesar das dores, do cansaço, da desilusão em alguns casos, de
descrença noutros, estava, estou sempre e de novo a sentir a semente da vez
seguinte, do desafio seguinte, do obstáculo seguinte.
Não interessa tanto, agora o percebo,
o meio que escolho, o instrumento, para iniciar o movimento e renovar os novos movimentos
que me vão surgindo na vida, na nova vida que cada um de nos descobre e
redescobre, e renova, após cada desafio e cada escolha.
Parar é morrer, diz-se. Acredito
piamente nisso. Cresci na praceta, no meio dos joelhos esfolados com erva, das
mãos rasgadas com feridas e das normais nódoas negras nas canelas, no meio da vertigem
e da adrenalina, do medo tão apetecível proporcionado por tantas forma de
movimento, desafiadoras sempre e sempre das zonas de conforto. E é por isso
que, seja de que forma for, é importante nunca parar com o movimento.
E as paixões, todas elas, dão
lugar a novas paixões, a novos lugares, a novas pessoas, a novas descobertas. A
novos caminhos, no encontro com a essência. O movimento, cada uma das
atividades que escolhemos, permitem não parar. A atual é a bicicleta; pedalar
para longe, o mais longe possível, gradualmente, desafiando a mente e
conhecendo melhor o corpo e as reações, os limites, os riscos; possibilita-me a
redescoberta, ter mais consciência de quem sou, de como sou e, sobretudo, de
quem me quero tornar.
Sempre que pedalo estou mais
perto … do desafio seguinte. Como quando corria, sempre que treinava ou que
fazia uma maratona ou uma prova nos trilhos. Mais perto de crescer. Mais
perto da derrota, da luta comigo mesmo, da vitória. Da essência.
2 comentários:
Importa MESMO é vivermos com PAIXÃO!
E se isso está a acontecer, fico contente!
Até breve, por certo
olá Ana, bem vinda de novo :)
um prazer partilhar novamene estes nossos prazeres. Um beijinho, espero que esteja tudo bem.
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