escolhi são pedro do estoril. escolhi as 8am. escolhi correr 40 minutos porque é uma duração já razoável para um primeiro treino e dava garantias de poder ver sem muita dor, logo de seguida, a final do mundial de rugby entre a nova zelândia e a frança em casa dos papás, porque não tenho sport tv.
escolhi o dia de hoje porque tinha que ser.
escolhi as raízes para o que tinha que ser.
tive a companhia do rodrigo. fantástico. quase 14 anos e já tão crescido; uma companhia plena na corrida.
já não corria verdadeiramente há mais de 1 ano. o polar assinalava um registo de 11-02-2011, de 54 minutos, sem mais. uma caminhada talvez e a partir daí deixei inclusive de levar o relógio.
hoje emocionei-me ao tirar a camisola, os calções e as meias da gaveta. a sério! que bom regressar.
e teve que ser hoje, obriguei-me, porque há sempre desculpas, mas hoje não! estava precisado. foi um ano intenso, sem correr, o nascimento da rita, os primeiros 6 meses de reestruturação das rotinas, a mudança de trabalho em dezembro, a doença prolongada do meu sogro desde março, o seu falecimento há 3 semanas, a nova reestruturação da estrutura familiar (um agregado familiar de 6 pessoas ??? quem diria? eu não, há uns tempos, mas cá vamos nós …) …
saímos da casa paterna e fomos junto ao mar até são joão do estoril. o mar rebelde, a pedra do sal imponente, o ar puro do mar e da manhã a revigorar a mente.
o cardio estava bem, íamos conversando amenamente, apenas sentia as articulações nas pernas e nas virilhas, uma espécie de queixa de desenferrujamento, pois há muito que não estavam habituados a tais façanhas.
em são joão decidi entrar para a parte “terra” e mostrar ao rodrigo o liceu onde fiz do 7º ao 12º ano, a praceta, as papelarias bonanza e ricco, o quiosque dos croissants com creme branco, as torres do mar antes tão altas, a escola primária da 2ª à 4ª classe, a 1ª praceta onde habitámos até aos meus 11 anos, onde ainda tenho os meus melhores amigos e família.
descemos para são pedro do estoril, pelas ruas/estradas desertas aquela hora, as vivendas imponentes, cheias de história, desde o antigo regime, ao pós 25 de abril com vários saques, permanecendo belas e sossegadas, como as árvores seculares.
mais outra escola primária, desta feita aquela onde fiz a 1ª classe, uma daquelas de arquitectura do antigo regime, agora a ser restaurada.
a 5 minutos do final do treino, na estação de são pedro, várias camisolas brancas preparavam-se para apanhar o comboio rumo à corrida do tejo. hoje nem senti vontade, apesar dos protestos juvenis, de quem queria ter participado.
hoje, a manhã era de regresso, com tudo o que os regressos têm de mágico e de promissor.
fechámos o treino à porta de casa ds meus pais, a final do rugby a começar, o dia a aquecer ligeiramente, os comboios a transportar corredores. sentia ligeiramente as pernas, nada de especial. sentia sobretudo a magia de ter voltado a correr. como quem, em pequenino, sente aquela liberdade de andar na rua, sem ninguém a controlar, e sabe que a estrada é infinita.
abraço, até breve
antónio
ps – a final do mundial de rugby foi um tempo bem entregue, vibrado em conjunto com os meus filhos rapazes e com os meus pais. a rita e a mãe brincavam a outros jogos a essa hora em casa, o rugby ainda não é para princesas de 1 ano, em meu entender :).
domingo, 23 de outubro de 2011
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3 comentários:
António
deu para sentir alguma dessa magia de que falas, sempre um prazer ler as tuas palavras.
Abraço.
Parabéns!
Um belo regresso e bem acompanhado.
Por instantes ainda pensei que fosse uma aparição surpresa na corida do tejo... ;)
e uma bela sobremesa "all black"
Abraço
acima...
fui eu ;)
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